quinta-feira, 3 de novembro de 2005

O ínicio da aventura...

...Tou a começar um pouco tarde é certo... mas aqui vai...

Noite de 1 para 2 de Setembro...

São 3 da manhã e continuo de volta do meu relatório de estágio... Ainda faltam arrumar algumas coisas e o meu pai quer partir, prefere sempre viajar de noite. Começa a stressar-se e eu começo a ficar nervosa também (ainda mais)... Não tive tempo para nada este Verão. Passei Julho e Agosto em estágio para estar em Bilbao logo a 2 de Setembro! Passei pouco tempo com a família, com o meu pessoal... Pouco tempo para fazer tudo o que queria...
Mas pronto, às 4e meia lá acabámos de pôr as coisas no carro...última mirada ao meu quarto, às minhas coisas, à minha casa, um xau ao mano e lá me meti no carro com os meus pais. Destino: Bilbao, País Basco.
Não dormi... Passei a noite de volta do relatório. Mal comi, tinha o estômago embrulhado pela ansiedade... Mas qdo comecei a viagem, tão pouco consegui dormir ou comer... só pensava no que me esperava qdo chegasse a essa cidade basca, minha "casa" até Fevereiro. Com o decorrer da viagem lá peguei no sono um cadinho. Qdo acordei, lá consegui comer alguma coisa.
Não ia sozinha, ia com os meus pais, e isso tranquilizou o meu medo. Sim, o meu medo de enfrentar sozinha o desconhecido, sem conhecer uma morada, uma cara na rua... Esse medo que quase me fez desistir de fazer Erasmus. Mas arrisquei, jamais me perdoaria se não tentasse. E nesta madrugada iniciava a minha aventura...

Olhava cada sítio que conhecia em jeito de um "até breve", pensei nas mts pessoas de quem me estava a "afastar" à medida que me aproximava da fronteira...
Passada a fronteira só conseguia pensar em chegar ao meu destino... "Como será?", "qual o aspecto?", "como serão as pessoas?"... Tantas perguntas todavia sem resposta...
durante a viagem olhava tudo, absorvia cada imagem...

Entrada no País Basco... Lindo! Tão verde... Placa Bilbao... como acelerou o meu coração... Placa Zabalburu (o nome, como iria ver, diz tudo...). Não sabia onde era a rua... Parámos o carro em diversos sítios, perguntámos a diversas pessoas... Peripécias pelo meio, como a polícia a parar o trânsito para o meu pai poder dar meia volta e seguir... Farto de procurar o meu pais meteu-se por uma rua para parar e, acaso do destino vi escrito "Residencia Blas de Otero"! Tinha chegado ao meu destino! Eram 14e 30. Sem olhar para mais nada, entrei na residencia e expliquei, no meu espanhol de principiante, que tinha uma reserva. azar... esqueceram-se que eu tinha antecipado a minha chegada e não tinham o meu quarto pronto... Mas bem, à tardinha estaria pronto, assim como o dos meus pais... Estacionado o carro, decidimos procurar um sítio para comer. E foi aí que olhei com atenção para a zona... Escura, com gente estranha... não tive um bom pressentimento em relação à minha nova morada... Acabámos por ir a um restaurante muy cercano da residencia (que mais tarde vim a descobrir que é mto afamado pela paella). E foi paella que comemos... oleadinha, diga-se de passagem (já parecia a comida da cantida da FCSH... eh eh). Mas também a fome não era mta, o estômago continuava embrulhado...
Acabado o almoço, uma voltinha breve pela zona... Não gostei mto do que vi, a minha 1ª impressão de Bilbao foi: "que cidade feia..."
A residencia fica numa rua mto próxima da zona má da cidade... mesmo ao pé da estação de comboios, fica a 5 minutos a pé do centro, que é bastante mais agradável...
De volta à residencia, iniciámos o processo de descarga das malas... Tal e qual como aparecia nas fotos, o quarto, o meu cubículo maravilha como gosto de lhe chamar, pareceu-me bem. Cama, secretária grande para todas as minhas papeladas, uma mesinha, uma mini cozinha e uma mini casa de banho... um estúdio em ponto pequeno...:) mas qdo fui à janela... q vista desoladora... Do 3º andar em que fiquei (quarto 328), olhando para baixo, só via lixo, fachadas de prédios degradados... Comecei mesmo a ficar deprimida com aquilo... e assustada também...
Decidimos ver tudo o q a residencia tinha para me oferecer (quer dizer... tudo aquilo que eu pago todos os meses bem pago!). No rés-do-chão, duas salas de Tv com dvd pa malta, mesas e cadeirões com jornais po pessoal confraternizar, um mini ginásio e uma sala de computadores (ah e internet em todos os quartos...mto bom!), com máquina de café e de snaks... Baixando ao -1, a sala de jogos: ping pong, mesa de bilhar e matrecos (mto diferentes dos portugueses...) e o compartimentos das máquinas de lavar e secar roupa...

O meu pai estava com a cara fechada, o semblante carregado e uma expressão de preocupação que n enganava ninguém... eu, nervosa com tudo... curioso nem estava triste, antes assustada... A minha mãe era a que tentava animar a coisa, sempre com algo positivo pa dizer... Grande Mª Olinda!
Só deixei cair umas lágrimas qdo me estava a deitar,a pensar em tudo, ou melhor no nada que conhecia...

Hoje, passados dois meses desses dias, sinto me feliz por ter arriscado... Não é tudo bom, mas nada o é... Estou orgulhosa de mim por ter chegado até aqui, pode parecer estupidez mas para mim foi um grande passo estar aqui sozinha, ter de procurar pelas coisas, ter de perguntar, ter de perder a timidez e falar, meter conversa... enfim, ter de me desenrascar. E se correr tudo bem nesta experiência, como espero, vou-me sentir ainda mais orgulhosa... Hoje tenho com quem falar, conheço ruas, sítios, falo, pergunto e respondo. Hoje conheço um pouco de Bilbao, o segredo está em olhar para tudo como já fosse conhecido... Tenho quem me chame linda, amiga, quem me diga para n ir já em Fevereiro... E saudades de mta coisa sem dúvida... Enfim, tenho já uma pequena vida, tenho Erasmus!

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