Cheguei à pouco a casa e dei por mim a achar que está na hora de fazer um balanço destes últimos meses, que mais parecem ter sido anos acumulados por entre as emoções de um tempo que foge. Um balanço, um repensar, um desabafo.
Apetecia-me dizer que estes últimos tempos têem sido bons; apetecia-me sorrir por entre os obstáculos que têem surgido, em tom de pequena vingança; apetecia-me dizer que queria que os tempos vindouros fossem iguais ou tão melhores que estes que passaram...mas a verdade é que nenhum destes pensamentos com sede de felicidade encaixam neste meu puzzle.
Este últimos tempos foram de facto de mudança, pequenas e grandes mudanças. Trabalho, coração, ritmo e qualquer coisa mais ainda, tudo sofreu uma viragem que ainda não sei tirar o apreço. No trabalho, o dia-a-dia tornou-se um corrupio bom, um 'sentir-me útil' que tem compensado de certa forma a minha sede de criar alguma coisa...entro e saio com um sorriso, porque sei que de alguma forma aquele dia de trabalho vai servir para alguma coisa. Vai servir para me manter, para me entreter, para me distrair do resto que não quero ouvir. Ali as pessoas são diferentes, são uma mistura de gentes, idades, assuntos e hierarquias que me preenchem todo o dia...No coração, o silêncio é talvez a melhor forma de descrever aquilo que tem vindo a passar por entre a mágoa. A saudade de um 'nunca foi' e a vontade de querer continuar a rumar contra a corrente têem me feito descobrir sitios novos e cores diferentes...ainda não vi o arco-iris que desapareceu por entre as nuvens, ainda não vi o sol coberto pela bruma do passado, mas pelo menos tenho tido um céu cheio de sonhos e uma terra onde pisar firme. No ritmo, mudanças radicais (e saudáveis) - ginásio, mandarim e carro. Três ritmos diferentes, sempre ao som da mesma batida - a mudança. Entretida em cima da passadeira, não penso no amanhã; no mandarim, uma cultura diferente, faz-me viajar lá para bem longe; no carro, o som do rádio bem alto faz-me ignorar o trânsito na estrada e na minha cabeça.
Sim não tenho parado, o meu dia faz-se sem horários para chegar. O dia começa cedo e acaba tarde, como o meu sonho. O desejo de começar cedo a mudar de caminho e de acabar tarde esta vontade de mudar.
Hei, não pensem que estou infeliz. Pelo contrário. Estou bem. Trabalho, aprendo e distraio-me. Falta-me a cereja em cima do bolo. Um bolo que até agora só consegui fazer a massa, pois até aqui ainda não encontrei o forno à temperatura certa. Mas os ingredientes estão lá: a vontade, as amigas (um brinde aos jantares das amigas!), aquele ombro e aquela ponte.
Mudei sim...e aos poucos começo a achar que fiz as escolhas certas para fazer um bolo doce, recheado pela alegria de ter amigos e pelo bom que é poder "fazer aquilo que me apetece".Ou será melhor um bolo às camadas? talvez seja melhor assim porque, por enquanto, ainda não consigo misturar certos ingredientes da minha vida.
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