Diria até cumplice. Encontrámo-nos como de costume em frente ao Campo Pequeno, com o dourado do por do sol a raiar por entre as torres da Praça de Touros. Cruzámos Lisboa, distraídas pela azáfama disfarcada de meia cidade em férias. Longe da redacção e do escritório a solo foi bom entregarmo-nos à futilidade do final de tarde sem nada marcado.
Queríamos apenas ir às compras, arranjar as unhas e passear um quase nada. Fácil, para quem o lugar ou o tema não são desconcertantes. As conversas sem muita profundidade, para o que é costume, souberam bem. Gosto disto, preciso daquilo, não posso comprar isto, reclamámos com ironia. As prateleiras do supermercado são boa companhia para os desabafados de duas donas de casa em véspera de férias. Trocámos alguns palpites e planos para o fim-de-semana e mais uma vez chegámos a conclusão (cada uma à sua maneira) de que de facto, fazemos muitas coisas juntas. Até filosofamos sobre o preço do pacote de massa tricolor.
(...)
Acabámos a saborear queijo chévre, coberto de doce de morango. E porque não um copo de vinho tinto? Quase que me senti crescida quanto fizémos um brinde a nós...numa espécie de desdém pelos demais. Foi talvez uma cerimónia, sem lugar para sentimentalismos. Ou até um hino à amizade!
Gostei muito deste bocadinho, dissémos.
Bocadinhos destes, sempre.
1 comentário:
BIS BIS BIS
E não são nem namorados, nem família, nem agendas cheias que nos fazem faltar a estes "compromissos" da amizade. Há tempo para tudo...e sempre para nós! PARTILHAR é o verbo que mais nos define, não concordas? Consegues recordar tudo o que já partilhámos??? ...ufa...
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