segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Como o tempo.

Hoje oiço toda a gente nos corredores a dizer - "estou como o tempo". Embora a expressão não me assente como uma luva, também eu hoje me sinto assim. Sinto-me cinzenta como o céu e inconstante como o vento. Por dentro, caem pingos de chuva, a saudade. As raízes estão molhadas e não aceito mais água. Começam a aparecer as primeiras cheias deste Inverno, até aqui seco e solarengo. Já não me lembrava como eram estes dias soturnos, escuros e vagos. Já não me lembrava como sabiam bem os pés quentes e o coração aquecido.
(...)
A cidade está deserta,
E alguém escreveu o teu nome em toda a parte:
Nas casas, nos carros, nas pontes, nas ruas.
Em todo o lado essa palavra
Repetida ao expoente da loucura!
Ora amarga! ora doce!
Pra nos lembrar que o amor é uma doença,
Quando nele julgamos ver a nossa cura!

(Ornatos Violeta)

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