domingo, 7 de outubro de 2007
Que fuerte!
Senti. Tocou-me de novo aquela sensação. O estômago embrulhado, as unhas prestes a serem roídas, os olhos a correr para o fundo de tudo. O brilho da alma na boca e o sorriso aguado, tentando acompanhar o turbilhão de emoções. A adrenalina da aventura, o nervosismo do olhar, das palavras e do pestanejar certo, à hora certa, ao ritmo acertado. As mãos trémulas a fugirem para o esconderijo de tonta, as cores do arco-íris a aquecer-me o pensamento e o esquecimento propositado do que não posso.
Repincelei a tela do "nunca" e do "tão longe". Os tons estavam lá todos: o castanho-quente de um Outono revolto; o dourado-brilhante de um não-sorriso de Inverno; o branco-pálido e fresco de um Verão de cala-frios; o lilás-alaranjado de um pôr-do-sol doce de Primavera;...e ainda o verde-azeitona amendoado, o verde-escuro-e-fofo a lembrar bolas de algodão e o azul de todos os tons da chuva a pedir as quatro estações. O resultado foi uma lágrima de angústia, salgada de euforia, e um desejo insaciável sufocantemente doce.
O perfeito foi perfeito. O imperfeito soou a perfeição. E o sonho continuou sonho perfeito. Com os acordes, a música ecoou baixinho até sussurrar o nada que tudo foi. O tudo que encontrei no nada: duas castanhas, ténis dourados, o sim, o não, o talvez, o ça va, português, espanhol, francês.
"Há noites e noites", escrevi um dia. Hoje traduzo. Há energias que atravessam fronteiras, trepam muros e contagiam mundos.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário