A minha vida já deu muitas voltas, mas chega a uma altura que regressa sempre ao que sinto ser o porto seguro, ao que faz mais sentido. Parece um ciclo. Uma história com "início, meio e fim", que apresenta o mesmo elemento comum.
Não são raras as vezes que penso nos últimos meses ou anos como um déjà vu enorme, que repete o passado mais remoto. Pode não ser nas mesmas circunstâncias, nem com as mesmas pessoas, mas o princípio está lá, de novo. Um bis em forma de vozinha que vive na consciência.
O meu pai chamar-lhe-ia "cair no mesmo erro". Eu julgo que existe uma força qualquer que me impele a completar a caminhada ali.A descobrir o mundo, chafurdar no desconhecido, voar para longe, cantar outras melodias, e depois voltar, aos poucos, para a almofada já modelada, para o confortável ninho do familiar, do já explorado.
No final, somos só nós em tempos diferentes, em dimensões paralelas, que nos reencontramos e desencontramos ao sabor da vida. Talvez seja essa a explicação.
Mas por mais voltas que a minha vida dê, sei ao certo quais as caras que vou encontrar vezes sem conta. Conheço os sorrisos que permanecem lá, para lhes pegar e levar de baixo do braço em mais uma volta. É matemático.
Ou nem tanto. No meio de tudo existe, claro, espaço para desilusões. E tenho aprendido que as surpresas podem vir dos lugares que julgámos mais nossos, de braços que não ousámos nunca pensar que nos falhariam...
Mas a vida dá muitas voltas.
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