domingo, 20 de julho de 2008

Relativizar.

...Dou por mim com os olhos cheios de mar. Dou por mim a repetir-me, vezes sem conta, "tens de aprender a relativizar".

Hoje sinto-me como se tivesse passado a noite toda em claro a ver passar a história que sempre quis escrever. Perdida entre as linhas por acabar.

Estou com raiva do mundo, de mim e de qualquer coisa. Sem motivo aparente e por todos e mais algum. É, de facto, dificil, definir o porquê do amargo. Uma mistura mestra de perda com um ligeiro toque de inveja e maldade. E até, para quem gostar, uma pitada de saudade mais que muita. Foram demasiadas coisas ao mesmo tempo. O cansaço que não me deixa dormir e a sensação de impotência que me tira o sono.

Prova dura. Diria até, improvável. Senti-me seguramente mais pequena do que um grão de areia e aquele sentimento de inveja que me consome, preencheu-me a noite inteira. Queria poder haver dito mais do que pensei. Queria poder ter explodido num choro longo ou até virado as costas e desistir a meio do caminho.

Engoli a seco a tristeza, num único trago e, sem avivar muito as memórias, dançei a noite inteira. Pisei com desdém a vontade de dizer "abraça-me". Com força, muita força. "E passa-me a mão pelo cabelo". Por favor. Senti-me quase tão miserável como a imagem que criei. Fiz questão de me sentar comigo mesma e explicar, pausadamente, que não há solução.

Creio que são mais que muitas as vezes que me detenho com este pensamento. As amigas limitam- se a ouvir e a tecer comentários sobre a minha conduta. Oiço, com algum pessimismo e tristeza. Precisava de alguém que entendesse o quão pequenina me senti e quão dificil é ter de passar por isto sozinha ou mal acompanhada. O quão dificil é ter de escolher entre os meus amigos e os momentos de alegria e a minha sanidade passional. O quão dificil têem sido estes últimos tempos com o constante sentimento de perda a perseguir-me em cada esquina. Lamechices para quem deveria exultar de alegria por ter um trabalho, uma casa e bons amigos.

Talvez sejam isso mesmo.

Mas há dias em que me é mais dificil conter a amargura do "nunca mais" , a saudade angustiante do "Olá bonita" ou simplesmente a falta de. As amigas julgam-me carente e inconstante. Mas o disfarce hoje caiu. Queria apenas que alguém me tivesse dito "podes chorar à vontade". Não aconteceu. Não julgo ninguém por isso. Julgo-me a mim - por não ter sabido relativizar, mais uma vez.

2 comentários:

Anónimo disse...

Acredita que sei o sentes...
E por mais forte que queiras ser, essa sorriso lindo que tens, apenas esconde o ke nunca saiu da tua alma...
Quero apenas ke saibas, que eu vou tar sempre aki, nem que seja apenas para amparar o teu choro...
Quando te apetecer chorar, chama-me. Posso não te fazer sorrir, mas posso chorar contigo. Se te apetecer fugir, não te peço para ficares, mas posso fugir contigo... E se algum dia não te apetecer falar com ninguém, chama-me na mesma... Eu prometo ficar em silêncio a teu lado.

Adoro-te...

(um aparte... tu és muito gira, mas nesse dia... tavas fantástica)

jokinha...

muah muah

((E))

BettyBoop disse...

Desculpa.