sábado, 27 de dezembro de 2008

Natal sem prendas

Sem prendas? Não tiveste presentes? Que chatice! As expressões de descrédito são mais do que muitas. À pergunta - "O que é que recebeste?" respondo, com prontidão- "Este ano não tivémos presentes." A ideia partiu da mãe do P. Confesso que estranhei quando recebi o sms. E fui a primeira e a única a quebrar a regra.

Na noite de Natal, debaixo da árvore, não haviam presentes, é certo. Dois ou três para os mais pequenos. Em cima da mesa, doces e pratos deliciosos, brindados por um vinho tinto adocicado. Pelos corredores da casa do P. já se ouvia o burburinho do Natal e a famila chegava aos poucos. Traziam, qual Reis Magos, iguarias, o melhor que cada um sabe fazer. O colorido das saladas, o dourado das filhoses e a magia dos chocolates depressa encheram a ceia de Natal desta familia, que desde 2005 não dispensa o calor de passarem todos juntos.

A verdade é que já não consigo imaginar o Natal sem eles, melhor dizendo, o meu Natal são eles. Talvez seja esta ideia que me deixa um ratinho no estomago nas horas antes. A felicidade de poder reunir todos os que mais gosto depressa preencheu o espaço deixado em branco debaixo da árvore de Natal. A ausência de presentes deixou-me curiosa. Faltavam algumas horas para a meia-noite e a ceia decorria entre sabores divinos e piadas do P. Disse para mim vezes sem conta: "como adoro este miudo!". Parecia que todos liam este meu pensamento, talvez pelo sorriso estampado no rosto.
Confesso que sou uma prima apaixonada. O vinho brilhava nos copos dos adultos, enquanto os mais novos desdenhavam a nova Fanta Zero, com demasiado gás e um sabor a fanta de imitação!


Decidimos fazer uma pausa justa até aos doces. Sem presentes, julguei erradamente que poderia o silêncio instalar-se até ao soar das doze badaladas. Não. A primeira a distribuir o presente à familia foi a autora da ideia. A todos foi distribuída uma mensagem. Ainda que simbólica, a minha prenda foi a FELICIDADE. Depois seguiram-se as frases para pensar e as adivinhas. Toda a familia riu às gargalhadas.

No final, distribuí os presentes que havia comprado para todos. Havia quebrado a regra, eu sei.Mesmo assim, justifiquei-me - "Fui tão feliz este ano, que queria partilhar, ainda que com presentes, a minha felicidade". Pareceu-me justo presentear todos aqueles que fizeram do meu 2008 um ano cheio de alegrias e em pleno. Os pais, os avós, os tios, os tios-avós, a mana, os primos e os chegados. Todos deram um toque de magia a este ano cheio de sucessos e um apoio imprescindível nos sucedidos.


De facto, há gestos a valerem muito mais do que o presente embrulhado debaixo da árvore. O abraço, o beijinho, a festa no cabelo ou até aquele olhar deram ao meu Natal o verdadeiro significado de familia que quero manter para sempre. Obrigada a todos.

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