Odiamos desmontar a árvore de Natal. E é por isso que a maior parte das vezes não o fazemos... até Março. Desmontar a árvore de Natal é deprimente. E é deprimente por muitas razões. Primeiro, se estamos a tirar a bonecada do pinheiro é porque o Natal acabou. Acabaram-se os presentes, a mesa dos doces sempre posta, o feriado e a ponte e o fim-de-semana prolongado. Depois, ninguém gosta de pensar que ainda falta um ano para viver aquilo tudo outra vez. E sejamos francos: ninguém com vida, amigos, coisas para fazer gosta realmente de ficar em casa a arrumar os despojos da festa. E nos dias após o Natal é só isso que o pinheiro é: o sinal do fim de festa. Há ainda, claro, o lado sentimentalão da coisa. Fazer a árvore é preparar, antecipar, celebrar a chegada daquela noite em que se estica as pernas em frente à lareira e se espera ansiosamente pela meia-noite e pela troca de presentes. Quando em vez de tirar o presépio da caixa o estamos a embrulhar peça por peça em papel de jornal, o gozo desaparece. Para piorar tudo ainda há o canto da casa que fica vazio. Arredamos mesas e cadeiras para criar um espacinho para a árvore e de repente esse espaço fica nu. Já não há lá nada, nem uma luzinha a piscar. E o Natal ainda vem tão longe.
Ângela Marques, Time Out
Já desmontei a minha primeira árvore de natal a solo :(
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