quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Recordar é viver.

Adoro pegar na memória, fintá-la e descobrir coisas que nem sabia que lá estavam. Fechar os olhos e relembrar instantes como se de um quadro expressionista se tratasse, descrevendo os mais ínfimos pormenores. Pegar numa fotografia antiga e olhá-la durante uma eternidade até ter reconstruído o momento, a história e os sons que a câmara não captou.

Dizem-me que por vezes sou demasiado apegada ao passado. Por isto. Por gostar de voltar atrás e recuperar velhas ideias e imaginar outros tempos. Esta semana tive um encontro com o passado muito especial. Um jantar descontraído em casa de uma prima levou-me até à época dos pais. Quando os avós eram altos e fortes e as avós se aperaltavam todas, sem ruguinhas e de ouro ao pescoço. As mães eram adolescentes, de vestidos ultra curtos bem ao estilo dos 60's, de cabelos longos e sempre muito divertidas. Nos bailes, na praia, nos jardins do Palácio de Queluz...

As fotografias mostraram isto. E as histórias que ouvi mostraram-me ainda mais. Fico fascinada. Quero saber tudo. Como viviam, se eram bons na escola e a que disciplinas; o que faziam nos tempos livres, como namoravam e se escondiam e que desportos praticavam; o que vestiam, onde compravam e que segredos partilhavam; quantos amigos tinham, para onde iam e que memórias carregavam; saber os seus sonhos, aspirações, objectivos e tentações; o que esperavam da vida, do mundo, dos filhos e dos netos...saber quem foram.

Recordar é bom. É dar vida aos que já foram, aos que dizem que estão quase a ir, e aos que acabaram de nascer. É prolongar a existência das gerações que não conhecemos, visitar ícones da tradição familiar, perceber no fundo de que somos feitos.
Sim, tens razão mamã. Recordar é viver.

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