domingo, 15 de julho de 2007

Lá longe, na terra dos avós

Entre as planícies alentejanas, chaparros e oliveiras, ergueu-se um fim-de-semana revitalizante. Uma pequena casa cheia de estórias (a que eu teimava chamar moinho), situada na Aldeia Velha, foi o nosso lar, onde dormimos, comemos, conversámos, abraçámos e tirámos fotos.


Depois vieram os mergulhos. Uma piscina grande, de água quentinha, a uns quilómetros dali, em Avis. Sombras grandes, com lugar para todas as toalhas (as nossas e as dos junkiezinhos do festival), e umas embirrações estranhas com calças dentro do recinto - "A menina não pode entrar com calças (!?). Banhinhos de sol, algum protector solar e muita conversa. Que descanso!

Nestas alturas - em que está uma num ambiente familiar, e outra num desconhecido - a amizade tem um gostinho diferente, de descoberta/ensinamento. Tu com um brilho do "voltei" e eu com o entusiasmo do "conheci". Mais uma recordação para o nosso baú, não é?

As canoas estavam à nossa espera. Ou talvez não. Tivemos que levá-las em mãos até à barragem. Chamaste-nos "fraquinhas". Tive vontade de ripostar e dizer: "corajosa". Afinal, estavas a reviver passos comprometedores no meio de um passado que te ainda hoje te rouba o sorriso.

Lá fomos, de mãos a doer. De canoa na água, a conversa era outra. Os lemes levaram-nos onde (não) queríamos ir. Não tinhamos destino. Que bom que é não ter destino! A corrente foi o nosso mapa (para não falar da "grande aranha" que "espero que já esteja morta").

Já em terra, um tango muito bem acompanhado com vista para um sol a bater no rio e uma árvore estrategicamente localizada para fotos de postal (em sépia, claro) desfizeram o dia. E que belo dia!

Cansadas, não conseguimos renunciar às batatas fritas da Vó Jaquina. Mas renunciámos à civilização e abraçámos o colchão da sala. Juntas.

Também foi juntas de adormecemos por ali e, juntas seguimos, sonolentas, para o quarto. "Boa noite!", e não chegou para mais...


Novo dia, novo tempo. Menos sol, mais frio, mas a mesma boa disposição. A água da piscina estava à mesma temperatura, a Janeca e a Bia continuaram a rir, cúmplices de uma vida inteira. A Alice, com os joelhos esfolados, permaneceu a mãe de nós todas: linda, patareca e com uma alegria contagiante. Nós esgotámos mais uma vez as nossas fotos da praxe e rimos pela estranha "fauna" que não te deixou dormir. A chuva afastou-nos (ou será que foi o ponteiro do relógio?), indiciando que o fim-de-semana estava a terminar.

Já de regresso, cantámos. Como sempre.

Lá longe, onde cheira a terra dos avós, fomos nós. Demos continuidade aos nossos sonhos, sonhámos com medos e coisas boas, falámos de quem não pôde vir e fizemos planos para o futuro.

1 comentário:

Liliana Valente disse...

gosto muito de ler o que escreves... como se estivesses a escrever para os outros e para ti... isso é muito bonito
É uma cumplicidade na escrita que só quem lê com a pontuação correcta é q a entende

Eu sinto q muitas vezes quando escrevo só entendem verdadeiramente quando respeitam a minha pontuaçao. Porque há quem não o faça e quando é respeitada as palavras ganham vida. É assim que devem ser lidas.
Beijinhos