quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

A Futilidade das relações.


Parece-me que muitos já escreveram sobre isto. Serei mais uma certamente. Talvez porque de tempos a tempos me assalta a dúvida - de que vale esta relação? É fácil desenhar futuros, pintar sonhos e fazer um ou outro rascunho de como vai ser o amanhã. O meu amanhã. O amanhã a dois.

Isto quando é uma meia-relação. Quando não sabemos se o telefone vai tocar ou se a janela vai saltar no ecrã. Isto quando falamos da relação a meias, entre o sexo e o não sei o quê. Confesso que tudo é mais fácil, quando a palavra compromisso não vem no dicionário. Quando não tenho relógio. nem agenda, nem datas para assinalar, nem momentos para celebrar. Mas talvez aí não possa falar em relação. Talvez valha a pena pensar no que define "relação". Amor, uma mensagem de manhã, uma mensagem à noite, as mãos dadas, o "querido" e "amor" no final de cada frase, o " tenho saudades tuas" quando já passam dois dias sem nos vermos, o jantar romântico, as compras de supermercado a dois, o chocolate no bolso do casaco, a mensagem debaixo da almofada, o
post it no frigorífico e até o telefonema a meio da manhã, só para dizer "gosto de ti". Pois, longe das relações! Porque depois disso vêm os "onde foste?", "quando vens?", as birras, os vou jás, a almofada fora do sitio, a cama por fazer, as histórias mal contadas, a conta do telefone, as prendas porque sim, os chinelos no corredor, o sofá para dois, os porquês, os pais, o futuro e o "nós.

Custa entender onde estamos. Porque amanhã pode ser mais uma página virada. Porque o amor facilmente dá lugar a outros sentimentos, quando não existe relação. E tudo isto num flash tão repentino como quem diz "amo-te". Expressão amarga esta. Que há muito não tem lugar no meu dicionário de bolso. Porque não tenho sede de amar, apenas de (des)amar. E talvez por isso possa falar sobre esta futilidade das relações com a leveza própria de quem não tem uma alguém do outro lado do coração.

Visão demasiado minimalista desta realidade das paixões a dois, é certo. DAQUELA relação. De meio "eu" e meio "tu".

2 comentários:

Anónimo disse...

Tal como tu, também eu há muito que não tenho essa "relação". Quando me questiono se faz falta, nem eu próprio sei dizer. Talvez esteja bem assim. Quanto a ti, talvez o teu inconsciente não consiga ter uma relação, talvez por ter ainda uma mal acabada no seu interior, ou talvez por arranjares mil e uma coisa para te ocupares. Mas no fundo, acredito que esse amor, um dia te irá bater á porta, e apenas o tens que deixar entrar.
Sei que não é igual, mas para colmatar algumas lacunas deixo um simples: Adoro-te!

Anónimo disse...

Também eu há muito tempo não tenho uma relação de "chocolate na algibeira" ou "post it no frigorifico". O tempo vai passando e acomodamo-nos a sentir parcialmente.A chegar a casas vazias. A ser a nossa familia.acredito que vale a pena o "sofá para dois". acredito que os "chinelos no corredor" são um mal menor. Ou melhor, gostava de voltar a acreditar. Esqueci como era. Sei que o coração tem uma quinta velocidade mas não estou a esgotar as rotações até ao fim. Por vezes perdemo-nos em camas estranhas e o prazer apazigua um vazio. A promiscuidade é imensa, a intimidade escasseia...