Os olhos falam. Não com adjectivos, advérbios ou nomes comuns, mas com verbos abstractos que não reconhecem lugar nas letras do alfabeto. Acções conscientes e inconscientes. Tudo está lá: exposto, nú, à mercê das interpretações. Os olhos brilham. Têm uma cor que ofusca a mente, por ser tão irreconhecível e indescrítivel pelas rígidas convenções humanas. Espelho fiel de uma interioridade por vezes baça. E é só aí, no interior, que o olhar repousa, no seu lado mais comunicável. Ele consegue ir além de todos os limites que julgamos insuportáveis e mergulha em riscos que consideramos quase sempre incalculáveis. O olhar respira um ar mais profundo, originário de um universo que deveriamos preservar mais - a alma.
Há uma comunicação que se estabelece através do olhar, uma transmissão de mensagens poderosas, carregadas de signicações. Uma ligação que nunca poderá ser adoptada pela tão metálica e gélida "informática". A intensidade de um olhar nascerá e perdurará apenas com o calor da presença, com o sofrego do instante real e sem mediações. A força de um olhar nunca será medida sem a presença de um outro olhar, atento, correspondido, concentido.
Existe um mundo que se quer vivido com paixão e loucura, arrebatamento e desinibição. Um mundo do diálogo sem som e sem ornamentos...o mundo dos olhares!
1 comentário:
Concordo...incrivelmente consigo concordar com tudo!Mas por vezes nem tudo isso é levado para o extremo positivo. O problema está exactamente em "tudo está lá", será que isso é bom? Bem, pode ser...mas lembra-te que ha sempre coisas que não podem...não devem...ou que não querem ser reveladas. E, lá está, um "espelho fiel de uma interioridade por vezes baça"...ai se eu fosse olhar. Até eu tenho medo da imensidão do mundo que poderia revelar, talvez um dia. Percebes onde quero chegar? Não!? "a força de um olhar nunca será medida sem a presença de um outro olhar, atento, correspondido, concentido. Existe um mundo que ser quer vivido com paixão e loucura, arrebatamento e desinibição"...e agora?...
Enviar um comentário