sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Trocar de perfume.

Não sei muito bem o que fazer quando o perfume se acaba. Com o tempo habituamo-nos àquele cheiro e ao aroma na pele. O meu perfume cheira a primavera. A flores do campo e a felicidade. Cheira ao voar das borboletas e ao verde dos malmequeres. Cheira a nuvens. E a sol. E é com ele que começo o dia. A cheirar a sol e a luz. Mas já estou nas últimas gotas desta poção mágica. A força da fragância já não é tão forte e com ela desaparecem as imagens a cores.

Talvez até seja bom mudar de perfume agora. Corta-se pela raiz o aroma que plantou os sonhos em mim. E por detrás da cor de colónia pode haver um arco iris de quimeras. Talvez agora seja a altura certa para mudar de rumo. Talvez seja o momento indicado para trocar as voltas ao olfacto e assumir um novo perfume.

Mas escolher um novo perfume não me parece tarefa fácil. O aroma do anterior permanece entranhado. E com ele as memórias escondidas entre a nuca e o interior do pulso. E no cabelo.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Deixa-me dizer-te.

Um dia monto um cenário destes na minha vida.

A liberdade é imparável.

Não tenho dúvidas de que assim é. A liberdade é imparável e destruidora. Com ela chegam as dúvidas e os desatinos. Com ela surgem as inoportunidades e os acasos. E graças à liberdade sou quem nunca fui e apareço onde nunca estive. Não me agarro nem me deixo prender. Posso experimentar diferentes sabores e criar diferentes histórias. Inventar personagens com finais felizes e casinhas de chocolate. Posso dizer que "sim" ou que "não" quando me apetece e, sem mais, deixar fugir por entre os dedos a areia de uma praia só. Posso até construir castelos e fazer-me passar por fada. Posso vestir preto, roxo ou castanho, sem perguntar ao olhar. Assim é bem mais fácil e, graças à liberdade imparável das coisas, deito fora os difíceis e jogo com os impossíveis. E é tão melhor assim.
Foi com a liberdade que aprendi a jogar às escondidas e ao monopólio das paixões. Foi sempre ela a ganhar e a fazer-me perder pontos a favor da loucura. Não tenho dúvidas de que assim é. A liberdade é imparável e apaixonada.