quarta-feira, 30 de julho de 2008

Sexo e a Cidade (sem a Nês)

Fomos ver o Sexo e Cidade - a Carolina, a Laura e a Ana. A decisão foi quase imediata. Como que num clique de magia, estavamos as três sentadas no cinema do Campo Pequeno, ansiosas que a sessão começasse, sem mais. Havia quem dissesse que seria "apenas uma continuação da série". A Laura respondia prontamente - "é só isso que nós queremos". E de facto, foi isso que aconteceu, uma continuação das nossas personagens revidas em cada linha daquele diálogo. Há muito que sabíamos cada uma de nós viveria aquelas histórias, sem mais. A Carolina acabava de chegar com mais um par de sapatos, qual Carrie; a Laura racionalizava as saudades do noivo, qual Miranda; a Nês, ainda que longe, sonhava como a Charlotte; e a Ana lamentava a última relação, como a verdadeira Samantha. Rimos só de nos imaginar a percorrer as ruas de Manhattan, cheias de sacos de compras, em saltos altos. Chegámos a conclusão que devíamos ligar à Nês só para dizer que gostamos muito dela! talvez tenha sido no momento em que a Carrie saiu de casa em pijama e casaco de vison para fazer companhia à Miranda na noite de final de ano...faria o mesmo pensei. E como esta muitas outras cenas se repetem no nosso dia-a-dia, como uma verdadeira série de domingo à noite. Seja quando a Charlotte grita no meio do restaurante quando sabe do casamento da Carrie, ou quando a Miranda não perdoa o Steve ou até mesmo quando a Samantha se enche de guloseimas para não trair o namorado. Com vestem bem estas personagens em nós! Chorei, chorei muito quando o casamento não deu certo e a Carrie explicou - "depois de tantas que me fez passar, nem foi capaz de sair do carro..." Já ouvi isto a alguma de nós.
Os sentimentos comuns e os devaneios em paralelo são mais que muitos. Os risos e os sorrissos são idênticos. Lembro-me de quando e quanto chorei quando o perdi. Elas estavam lá. Quando a Carolina ficou sem o R.. Nós estávamos lá. Ou quando a Laura se zangou com o C. Nós estávamos lá. Ou quando a Nês decidiu mudar para o Porto. Nós estávamos lá.
Os jantares das amigas foram uma solução feliz para quando ainda estávamos todas em Lisboa. Agora que a Nês não está, é mais dificil. Mas já prometemos que um dia será na Invicta. Trocamos mensagens, mails e ligamos sem motivos. tal como dizia a miranda, "só liguei porque queria conversar". Sim, porque, de uma maneira ou outra, precisamos umas das outras para escolher a roupa do dia seguinte ou até para fazer mudanças de casa.

O filme passou como um flashback. A mais lamechas fui eu. Talvez porque reconheci muitos dos diálogos. A Laura já tinha visto e a Carolina consegue ser fria nestas coisas.

Voltámos para casa com um sorriso nos lábios e a música a soar bem alto - All I want for Christmas is you, a relembrar o Amor Acontece. Deixamos a Kikas em casa. Depois de cometer uma contra-ordenação em prol da amizade. Regressámos pela Marginal a escutar as músicas de encantar do i-pod da Laura. And so it is do Damien Rice fechou uma espécie de noite encantada. "Nunca vou poder voltar a tê-lo, pois não?", perguntou a Samantha. "Não.", respondeu a Miranda. Lamechices. O amor será sempre uma griffe necessária. Voltamos a rir.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Lembro-me da primeira vez que te vi, sentada na cadeira da nossa sala de aula, no nosso então 10º ano. Lembro-me da expressão já enfadonha quando te perguntavam constantemente se as madeixas eram naturais.
Lembro-me das conversas que começámos a ter mas não me lembro do momento exacto em passámos a ser as melhores amigas. Sei que foi um processo gradual e rápido até.
Nestes anos aprendi a ler-te. Nos olhos, nos sorrisos e nos risos, na cara de má e na cara de triste.
Nesse dia de que falas acho que vi todas essas expressões. Sorriste qdo viste o meu irmão, riste com as piadas, vi-te triste a desbobrar os pensamentos com os cenários que se iam montando ao longo da noite. Angustiada até...
"Ainda não me deste mimos hoje..." Pois não, não dei os suficientes, quis fazer-te de forte, quis olhar para ti e ver que estavas minimamente mentalizada.
No momento da angústia, achei que bastava levar-te lá para fora, po pé da malta. Que ouvir as baboseiras da Catarina, as gargalhadas do meu irmão, ou as piadas do vitinho com o david e os abraços do gar e a minha presença a tentar levantar a tua cabeça iam chegar para te confortar.
Pensei mal, devia ter olhado mais dentro dos teus olhos, devia ter pegado na tua mão e levar-te dali para fora, nem que fossem 5 min, para soltares as lágrimas e voltar. Devia ter percebido que precisavas de mais, Ou então de menos. De menos daquilo.
Neste dia não te cheguei. Fui eu quem relativizou a situação, na esperança que me seguisses.

Desculpa. Mas deixa-me dizer-te que superaste a prova. Pelos menos aos olhos da maioria. Falta ainda sarar os buraquinhos que vão deixando entrar a tristeza.
Já tenho o meu kit de socorros pronto há mto tempo. Os pensos não esgotam. Vão cobrindo a ferida para ajudar a sarar. Não, não posso fazer pontos e fechá-la. Queria mto mas não posso. O trabalho com a agulha é teu. Só nós podemos fechar bem as nossas feridas. Mas vou sempre usar o meu kit. E se um penso se descolar, tens outro lá assegurado para não abrir mais a ferida.
Desculpa se não o usei bem neste dia.

Adoro-te.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

A extravagância de um talento


Ousei pensar em escrever algumas páginas soltas sobre aquela personagem que entrou de repente. Pensei numa história curta, mas não tão breve como foi. Delineei as linhas mestras de um romance que começara com um olhar discreto numa esplanada à beira-mar. Ou talvez com um olhar ousado entre um chá de cidreira num bar no Páteo Bagatela. Não soube definir na primeira linha se seria uma história de amor ou uma paixão arrebatadora. Era uma história com música, animada pelas noites quentes de verão, entre um Requiem de Mozart e um Schostakovich. Outro som, julgava eu. A personagem tinha o seu quê de loucura amena. Marcada pelo temperamento do norte e pela fraqueza de um corpo débil. Adivinhava-se um contra-senso de ideias saudável e uma mais valia pelo desafio à extravagância daquele talento. Dedicado às artes da cor e do movimento, quase que ousei defini-lo como artista. Cheio de devaneios e manias próprias de quem nunca saberá o que quer. Artista não era talvez a melhor definição para quem tentava constantemente combater as emoções e os ensinamentos. Artista seria se soubesse transformar a angústia em credibilidade, o medo em coragem, a afronta em despojamento e a cobardia em frontalidade. Não era artista de sentimentos, nem mestre das palavras, apenas da oratória. Do dom da voz crédula e do tom certeiro que engana qualquer um à primeira vista. Dizia-se aventureiro e artista de mala às costas por esse mundo fora. Capaz de conquistar este mundo e o outro com o dom que trazia na ponta dos dedos. Nunca quis desdizer tal sonho, com receio de soltar o barco mal ancorado. Mesmo assim, sabia-o difícil. Nunca impossível para quem era convicto das suas metas, embora descrente quanto às suas capacidades emocionais. Culpava o mundo das mulheres pelas incompatibilidades e as dores de cabeça pelas faltas de humor. Sim, humor. Não sei definir esta personagem com bom ou mau humor. Muito menos com bom ou mau feitio. Já mo haviam descrito como coração de ouro, embora não me tivessem explicado que antes do ouro havia uma gruta imensa de egoísmo. Não demorou tempo nenhum a descobri-lo. E foi aqui que pensei que poderia escrever um romance, com pés e cabeça e com bons modos. Um desafio interessante para quem se cansou de desenhar personagens improváveis e vazias de talento. Esta era de facto uma imensidão de talento que mostrava apenas com notas soltas a ouvidos de amador. Tarde percebi que a imensidão que conquistei como quem abraça o mundo não era mais do que uma extravagância de talento na qual não sobrava espaço para outra personagem. Não havia espaço para a conquista dos defeitos pelas qualidades, ou da mudança em prol de um projecto a duas mãos. Talvez tivesse sido mais vantajoso não ter dito “sim aceito escrever esta história”, porque agora que tenho o esboço ainda guardado e fresco na memória é sem dúvida mais difícil apagar o barulho das minhas botas a bater na calçada, enquanto caminhava para o inicio desta história.

domingo, 20 de julho de 2008

Relativizar.

...Dou por mim com os olhos cheios de mar. Dou por mim a repetir-me, vezes sem conta, "tens de aprender a relativizar".

Hoje sinto-me como se tivesse passado a noite toda em claro a ver passar a história que sempre quis escrever. Perdida entre as linhas por acabar.

Estou com raiva do mundo, de mim e de qualquer coisa. Sem motivo aparente e por todos e mais algum. É, de facto, dificil, definir o porquê do amargo. Uma mistura mestra de perda com um ligeiro toque de inveja e maldade. E até, para quem gostar, uma pitada de saudade mais que muita. Foram demasiadas coisas ao mesmo tempo. O cansaço que não me deixa dormir e a sensação de impotência que me tira o sono.

Prova dura. Diria até, improvável. Senti-me seguramente mais pequena do que um grão de areia e aquele sentimento de inveja que me consome, preencheu-me a noite inteira. Queria poder haver dito mais do que pensei. Queria poder ter explodido num choro longo ou até virado as costas e desistir a meio do caminho.

Engoli a seco a tristeza, num único trago e, sem avivar muito as memórias, dançei a noite inteira. Pisei com desdém a vontade de dizer "abraça-me". Com força, muita força. "E passa-me a mão pelo cabelo". Por favor. Senti-me quase tão miserável como a imagem que criei. Fiz questão de me sentar comigo mesma e explicar, pausadamente, que não há solução.

Creio que são mais que muitas as vezes que me detenho com este pensamento. As amigas limitam- se a ouvir e a tecer comentários sobre a minha conduta. Oiço, com algum pessimismo e tristeza. Precisava de alguém que entendesse o quão pequenina me senti e quão dificil é ter de passar por isto sozinha ou mal acompanhada. O quão dificil é ter de escolher entre os meus amigos e os momentos de alegria e a minha sanidade passional. O quão dificil têem sido estes últimos tempos com o constante sentimento de perda a perseguir-me em cada esquina. Lamechices para quem deveria exultar de alegria por ter um trabalho, uma casa e bons amigos.

Talvez sejam isso mesmo.

Mas há dias em que me é mais dificil conter a amargura do "nunca mais" , a saudade angustiante do "Olá bonita" ou simplesmente a falta de. As amigas julgam-me carente e inconstante. Mas o disfarce hoje caiu. Queria apenas que alguém me tivesse dito "podes chorar à vontade". Não aconteceu. Não julgo ninguém por isso. Julgo-me a mim - por não ter sabido relativizar, mais uma vez.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Porque a vida está recheada de momentos bons:



A L. fez anos e nós estivemos lá! ;)


p.s.: o meu riso tem justificação - estava a comer e não podia mostrar os dentes tá? :)

terça-feira, 8 de julho de 2008

A morte do artista


Pode ter sido pelo prato de arroz com pau de canela, na primeira vez que trocámos um beijo. Prefiro pensar assim. Pode até ter sido pelo meu jeito exagerado de arrumar as meias por cores e texturas. Talvez porque gosto de colocar as almofadas do sofá de uma determinada ordem. Porque gosto de ouvir a mix pela manhã ou simplesmente porque gosto de ovos mexidos ao pequeno almoço. Razões suficientes para assinar a morte do artista. Perene e impetuosa. Confesso que não me reconheço quando não faço a cama, quando deixo os sapatos à porta ou mesmo quando não lavo a loiça do lanche. Não me reconheço. Pormenores diriam alguns.

Prefiro, de facto, justificar-me pelo gosto distinto, pela maneira avessa ou até pela exagerada cumplicidade prematura.

Conto ao Gaspar o que sucedeu - o casal tem uma serissa - ouviu ele dizer no outro dia. Mentira, diz ele em tom furioso. As folhas caem e os ramos esmorecem aos poucos. A terra secou e os adubos que tenho adicionado não funcionaram. Nem mesmo as vitaminas de tempos a tempos resolveram a questão. Talvez por isso tenha deixado de dar flores, antecipando de forma autêntica aquilo que se previa desde o momento em que o trouxe para minha casa. Talvez o Gaspar não goste do vaso ou do sitio onde o coloquei. Pensei que podia gostar de sol pela manhã. Que lhe fazia bem sentir o raiar da manhã e ser regado de dois em dois dias. Pelos vistos, não o cuidei da melhor maneira.

Queria poder dar-lhe este mundo e o outro. Ou pelo menos não o deixar morrer entre as minhas quatro paredes. Eles não gostam que os mudem de sitio, alertou no outro dia a perita em bonsais. A verdade é que já o tive em três sitios diferentes, na bancada da memória, na prateleira da saudade e agora na mesa da paixão. Talvez não seja o local mais apropriado para uma arvore tão delicada, tão sensível. Prometo a mim mesma que o vou cuidar melhor, que caso não esteja bem, o levo ao hospital. Não me faz caso nenhum. Responde em tom jocoso que não há nada a fazer.

Cá em casa tenho mais três plantas. Uma orquídea - delicada e prodigiosa. Um semi-cacto, que aos poucos vai renovando a folhagem e um cacto verdadeiro. Este é o que se tem aguentado melhor. Não lhe ligo muito, é certo. Rego-o quando me lembro e tem suportado o calor com alguma facilidade. Talvez esta seja a melhor maneira de lidar com as plantas do meu jardim.

Não vão os experts ficar aborrecidos com o facto de não encarar as plantas como seres vivos.

Talvez a MINHA serissa não seja o melhor exemplo. Receio por ela e por mim. Que sem querer deixei morrer as raízes e secar os ramos mais jovens. E quase me sinto cumplice na morte deste artista.

(...)

Com descrédito, leio o Manual para Bonsais, e verifico que afinal não houve nada de errado. Talvez seja apenas uma questão de perspectiva. Na pior das hipoteses arranjo outro. No outro dia alguém brincava - "há quem diga que para ter um bonsai é preciso deixar morrer dois ou três primeiro". Talvez seja isso.

3º e último vídeo - Last chance!

A jornada está a quase a terminar.

Esta foi uma experiência mega positiva, onde pude sentir o apoio impressionante de todos vós - INCRÍVEL MESMO!

Eu sei que é cliché, mas tenho de o dizer: mesmo que não ganhe o concurso, já saí vitoriosa ao aperceber-me da quantidade de amigos que acreditam em mim. Lamechas, eu sei, mas é verdade e pronto!

Portanto, já está online o ÚLTIMO VÍDEO, que para mim, é o mais engraçado.
Diverti-me muito a fazê-lo. Portanto, espreitem e COMENTEM...se não tiverem mail do Sapo e não tiverem paciência para criar um (q é só 2 minutos), votem!

http://videos.sapo.pt/beatatsapo

Obrigado mais uma vez!

Sigam sempre o BEAT que vos faz marcar a diferença :)

quinta-feira, 3 de julho de 2008

O meu som.


Quase que tive a certeza que me apaixonei entre um som e uma nota. Quando olhei e vi aquela sombra debruçada sobre cada tecla do piano senti como que uma brisa a passar-me pelas mãos e a soprar-me pelo rosto, num tom fresco e repleto de aromas. Dediquei-me a contemplar as mãos delicadas e marcadas pelas cordas a passarem as pautas.

Lá fora o dia era ameno e seco, rasgado pelo assobio do vento a passar por debaixo da porta da Fábrica do Braço de Prata. Soava o piano, em jeito sereno, e o choro do violino em tom contemporâneo. Os olhares da assistência cobriam o palco e nesses instantes permiti-me seduzir o "virador de páginas" com um olhar cúmplice. Deixei-me sonhar com um ramo de túlipas roxas e uma chávena de chá de lucia-lima ao final da tarde, o meu favorito. Deixei-me sentir o cheiro a chocolate e a mentol e um toque a mel de jasmim. Vesti o vestido purpura e enchi dois copos com vinho lambrusco. Na mesa, em tons pastel, queimei um incenso de alfazema e deixei o cd tocar baixinho.

Afinal de contas tudo era possível. Enquanto as notas soltas preenchiam aquele momento de magia e serenidade. "Só consegui ouvir o barulho dos teus sapatos", disse.


É bom saber que o barulho ainda te irrita.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Mais um vídeo!

Caros leitores,

Mais um vídeo no Beat Generation, desta vez, uma reportagem sobre a The Wrong Shop. É a segunda prova do concurso, que parece não estar renhido, porque já se destacam alguns concorrentes (que têm muitos, muitos comentários positivos) - o que não é o meu caso. Parece que provoquei algumas reacções mais agressivas...lol...não era essa a intenção!

De qualquer forma, são sempre bem-vindos mais comentários, votos e apreciações.

Assim, fica o link do novo vídeo, que é o #014:

http://videos.sapo.pt/9a7ehuJ09oiWvDYs2MwL

Assim, fica a faltar apenas mais uma reportagem, que deverá ir para o site na próxima semana.


Obrigado pela confiança :)