quinta-feira, 30 de abril de 2009

A minha vida em 24 horas

Li este título numa daquelas revista cor-de-rosa com toque de glamour...

Começei a desenhar as primeiras horas do dia de uma vida com apenas 24 horas. Não é difícil eleger aquilo que mais gosto de fazer quando acordo - tomar o pequeno almoço. E quando dei por mim já estava na cozinha da minha mãe à espera do mais cremoso dos cappucinos e de uma torrada dourada pelos melhores ovos mexidos do mundo. Ou talvez não, viajei até ao Hotel Farol Design em Cascais e abri as portadas de uma janela virada para o mar revolto da costa do Estoril.

Começei, depois, a caminhar pelo paredão de Oeiras, a ouvir o rebentar das ondas mesmo em cima da música dos Kean que reproduzia o meu iphone. Eram 10h00 da manhã e já o dia ia claro num mês de Maio arrojado. Parei na esplanada do Inatel e bebi uma Ucal fresca enquanto folheava a "Sombra do Vento", de Carlos Ruiz Zafón. Perdi-me na genialidade daquelas palavras e na conspiração das mensagens escritas a apenas uma mão. Fechei o livro e estava em Barcelona, no Porto, o meu local de eleição de sempre. Ao fundo, o espelho do Maremagnum e a acalmia de uma cidade que nunca dorme. Com o burburinho dos "que tal?" e o brilho de uma cidade encantada. Rapidamente voo até Amesterdão e bebo qualquer coisa no barco do Fre. Alguém me oferece um ramo de tulipas, as favoritas. Regresso a Oeiras para um almoço no Rios, na Marina.

Delicio-me com uma doce tarte de maçã, percorrida a caramelo. Sento-me na primeira mesa do Lusitanus, na Golegã, para um "quente e frio" para não quebrar nunca esta tradição. Penso no tornedó que um dia alguém me disse que era delicioso. Deixo para depois.

São 15h00 e termino em Porto Covo. A beber um chá de verão na esplanada de uma praia coberta de búzios e areia fina. A tarde promete ser fresca. Ligo aos melhores amigos para dizer que hoje é o dia da minha vida. Para partilhar os últimos segredos e a vontade de poder viver tudo isto de novo.

Passeio pela baixa de Lisboa carregada de sacos de compras, depois de ter comprado mais 5 pares de sandálias, a minha peça de roupa favorita. Paro nos Restauradores e recordo aquela promessa de paixão que nasceu ali, nas arcadas do restaurante italiano. Cheira a Lisboa e a Belém. Dou comigo sentada no jardim dos Jerónimos dividida entre um pastel de Belém e uma ida ao Mac Donalds. Fácil. Nem uma coisa nem outra. São 16h00 e entro na Clínica para mais uma massagem shiatsu. Por momentos o tempo pára. Pára no Shakra do coração. Que dói, diz a massagista. Dói de encanto, de paixão e de saudade. Lembro aquele gelado de dois sabores num fim de tarde a caminho de Leiria. e o até nunca mais. Dói de verdade.

Passo ainda por Minde para os mimos das avós. Pelas Olaias para ver os primos. E comer um croissant de chocolate da padaria do Centro Comercial, que ninguém sabe que existe. Só eu e os mais chegados. Passo na Avenida de Berna e canto no ensaio da tuna. O meu outro eu. Vestida de Branco e Negro. É tempo de parar e pensar em mim. Pensar nas 18h00 que estão a chegar. E com elas o trânsito até casa. Opto pelo comboio e contemplo o raiar do sol no mar no vazio do mar. O meu mar. O mar escolhi. O mar que me fez deixar Lisboa e até Barcelona.

18h20. Chego a casa. São apenas 20 minutos até aqui. Sento-me na areia e desenho sonhos. Contemplo a neve que cai na montanha da Suíça e peço um chocolate quente. Aqueço as mãos na caneca que trouxe à minha mãe dos Açores. E vou até lá. Arrependo-me de não ter dito. Mas fui. E foi lá que aprendi a dizer que sim à vida de estudante esquecida entre os corredores da FCSH.

Queria voltar à escola e ao amor. Aos beijos roubados nos intervalos. São 19h00 e estou à espera de autocarro para casa. No pátio do CEF. e vejo-te na janela do lado e é aí que a minha vida pára. Parou para andar 10 anos para diante. No caminho de casa, contemplo as paisagens da mais bela escarpa de Portugal, a Serra de Aire e Candeeiros. Subo a encosta e no cume da montanha grito. Lá em baixo, os meus pais chamam-me para jantar. São 20h00.

Jantamos a 4, entre o melhor arroz de feijão da minha mãe. Desço até ao Estaminé para encontrar os amigos do antigamente. Somos amigos. De verdade. E são eles que me conhecem. Saboreio o travo a café em Sintra. No Palácio da Pena e passeio-me ao mesmo tempo pela Praça do Giraldo. Com as paredes caiadas de branco e amarelo. Aldeia Velha. O ruído dos grilos e o primeiro bater das asas dos morcegos de campo.

Uma gaivota. E de novo o mar. E o sabor a sal. 21h00. Bebo uma caipirinha à beira mar na Costa Brava. Com os companheiros de Erasmus, de uma viagem da qual nunca quis e não vou voltar. A noite prolonga-se até às Docas. E oiço Police no primeiro bar, o Irish. Canto. O Buddha abre as portas e danço. Chegam as purpurinas e o brilho da noite ao som do Gemma. Danço com as amigas. 23h20. Ouve-se jazz na Plaza Reial, na capital catalã. Está na hora de regressar.

Aqui, lá ao fundo, os companheiros da Tuna tocam músicas de outros tempos. A S. diz que vai gostar de mim mesmo que eu tenha 50 000 anos. O dia acabou e eu fechei a janela do meu quarto. Fechei a janela do ontem. E estou na Escócia. Sempre sonhei em ir à Escócia.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

As cores da cultura

Fiestas de Talavera/CA

Hotel ME Madrid Reina Victoria, Plz. Sta. Ana/CA

Parque del Retiro/CA

Plaza de España/CA

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Em Abril águas mil...

Abril é o mês do choro. O mês em que as nuvens roubam a luz e que a chuva dá de beber às terras secas. O mês dos cravos e das rendições. O mês dos aniversários e dos almoços em familia. Em Abril é tempo de reflectir. O ano está quase a meio e adivinha-se mais um aniversário. Abril significa chocolate, mimos e frio. Significa o regresso à escola, à multidão e ao trânsito. Em Abril constroem-se ninhos, nascem os primeiros malmequeres e programam-se as férias de verão. Em Abril desenham-se os primeiros campos de girassois em flor. Cheira a rosmaninho e a verde.
Em Abril águas mil, dizem. Que venham então as águas e os mil sabores, cores e aromas deste prenúncio de Primavera.

domingo, 12 de abril de 2009

Sigo enamorada de... Lisboa!

Volver.


É sempre bom voltar a casa. Voltar ao nosso cheiro, às caras conhecidas, às janelas tantas vezes espreitadas. Voltar tem sempre um gosto especial. A nós, ao nosso mundo, à nossa vida, aos nossos afazeres rotineiros e, às vezes, demasiado simplistas quando nos damos conta do que realmente representam. Mas voltar ao conhecido faz-nos sentir bem, faz-nos lembrar quem somos e de que somos feitos. Também nos obriga a rever a lista de importâncias, daquilo para que realmente vale a pena voltar. Neste regresso - que ainda foi só de férias - tive uma noção clara do que gostaria de mudar na minha vida. É a isso que me vou dedicar.

Voltar também implica recordar o que representamos para as pessoas. E isso é sempre reconfortante. E por vezes surpreendente, até. Aprendemos a valorizar, de novo, o que de melhor esses seres - que de estarem tão enraizados nas nossas vidas, nos esquecemos de olhar verdadeiramente para eles - têm. E todas as suas acções surgem como surpresas, os gestos como descobertas e as palavras como novos lugares. 

Não é que tenhas feito algo que mais ninguém conseguiria fazer. Fizeste (apenas) o que eu sempre, sempre adorei - uma festa com pessoas importantes. Um gesto tão simples e, ao mesmo tempo, tão único que mais ninguém teve coragem de o fazer... obrigado. Adoro-te.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Alguém tem de ceder

Disse eu para mim. A tarde estava a chegar ao por do sol e ainda não havia noticias se tinhas chegado. Ocupada ou pirraça, pensei. Certamente não haveria acontecido nada. As más notícias correm depressa. Relembro a primeira vez que chegámos de Erasmus e interrompemos as linhas com os telefonemas só a dizer que "já estamos aqui!". Os tempos mudam. Tinha-me esquecido. Achei por bem, ainda que contrariando o meu mau feitio, que deveria tentar saber se já estavas deste lado da fronteira. Sim, estavas.
Tentei acertar os pormenores para o fim-de-semana sem dar muito azo à alegria imensa de ter ter deste lado. A verdade é que tenho dito a toda a gente que as saudades não são muitas. E é quase uma verdade. Saudade aqui não é o termo certo. Porque, na verdade, muitas são as vezes que me fazes falta. Apenas para dizer "vá lá tu és capaz". Elas têm feito o seu papel, não te preocupes.
Confesso que foi dificil explicar-te isto.