terça-feira, 30 de dezembro de 2008

2008 termina amanhã...


(...)
Maior conquista: a minha casa
Maior desilusão: o amor
Maior desafio: 4 trabalhos
Maior loucura: um violino
Maior devaneio: Telheiras, 2 Outubro

Melhor momento: 8 de Fevereiro
Melhor música: Give it to me
Melhor Concerto: Madona
Melhor restaurante: Rios
Melhor livro: A sombra do Vento, Zafón
Melhor compra: o meu iphone
Melhor local: Porto de Barcelona
Melhor trabalho: Tesouros de duas asas
Maior orgulho: as amigas
Maior Obrigada: ao avô
Melhores férias: Aldeia Velha
Maior segredo: 18 Setembro/22 Dezembro
Maior surpresa: Casamento da L.
Melhor situação: Gaspar no Hotel
Pior momento: 21 Fevereiro
Melhor amigo: QuoVadis
Momento especial: nascimento do L.
Momento muito especial: 20 Março
(...)

Espero ansiosamente por 2009.

sábado, 27 de dezembro de 2008

Natal sem prendas

Sem prendas? Não tiveste presentes? Que chatice! As expressões de descrédito são mais do que muitas. À pergunta - "O que é que recebeste?" respondo, com prontidão- "Este ano não tivémos presentes." A ideia partiu da mãe do P. Confesso que estranhei quando recebi o sms. E fui a primeira e a única a quebrar a regra.

Na noite de Natal, debaixo da árvore, não haviam presentes, é certo. Dois ou três para os mais pequenos. Em cima da mesa, doces e pratos deliciosos, brindados por um vinho tinto adocicado. Pelos corredores da casa do P. já se ouvia o burburinho do Natal e a famila chegava aos poucos. Traziam, qual Reis Magos, iguarias, o melhor que cada um sabe fazer. O colorido das saladas, o dourado das filhoses e a magia dos chocolates depressa encheram a ceia de Natal desta familia, que desde 2005 não dispensa o calor de passarem todos juntos.

A verdade é que já não consigo imaginar o Natal sem eles, melhor dizendo, o meu Natal são eles. Talvez seja esta ideia que me deixa um ratinho no estomago nas horas antes. A felicidade de poder reunir todos os que mais gosto depressa preencheu o espaço deixado em branco debaixo da árvore de Natal. A ausência de presentes deixou-me curiosa. Faltavam algumas horas para a meia-noite e a ceia decorria entre sabores divinos e piadas do P. Disse para mim vezes sem conta: "como adoro este miudo!". Parecia que todos liam este meu pensamento, talvez pelo sorriso estampado no rosto.
Confesso que sou uma prima apaixonada. O vinho brilhava nos copos dos adultos, enquanto os mais novos desdenhavam a nova Fanta Zero, com demasiado gás e um sabor a fanta de imitação!


Decidimos fazer uma pausa justa até aos doces. Sem presentes, julguei erradamente que poderia o silêncio instalar-se até ao soar das doze badaladas. Não. A primeira a distribuir o presente à familia foi a autora da ideia. A todos foi distribuída uma mensagem. Ainda que simbólica, a minha prenda foi a FELICIDADE. Depois seguiram-se as frases para pensar e as adivinhas. Toda a familia riu às gargalhadas.

No final, distribuí os presentes que havia comprado para todos. Havia quebrado a regra, eu sei.Mesmo assim, justifiquei-me - "Fui tão feliz este ano, que queria partilhar, ainda que com presentes, a minha felicidade". Pareceu-me justo presentear todos aqueles que fizeram do meu 2008 um ano cheio de alegrias e em pleno. Os pais, os avós, os tios, os tios-avós, a mana, os primos e os chegados. Todos deram um toque de magia a este ano cheio de sucessos e um apoio imprescindível nos sucedidos.


De facto, há gestos a valerem muito mais do que o presente embrulhado debaixo da árvore. O abraço, o beijinho, a festa no cabelo ou até aquele olhar deram ao meu Natal o verdadeiro significado de familia que quero manter para sempre. Obrigada a todos.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Boas Festas!




Um Natal muito feliz
e uma entrada em grande em 2009!




domingo, 21 de dezembro de 2008

Inverno a sós

É fácil desenhar um final de tarde com o quente nos pés e uma manta sobre o peito. Na televisão, um filme de domingo daqueles que deixam cair uma lágrima. Na mesa, uma chávena de chá a fumegar e uma torrada bem dourada. Quando vivemos a solo, temos tendência a desenhar este cenário de maneira bem diferente.

A imagem de final de tarde em jeito de ronha, a sós, com o frio do Inverno a querer entrar, é quase deprimente, ou pelo menos egoísta. Há até quem pense que hoje já não se justifica. Acabamos por convidar os amigos para lanchar ou lançamo-nos no Centro Comercial mais próximo ou na sala de cinema rodeados de pipocas e ruídos de palhinhas a beber coca-cola.

Confesso que odeio o silêncio e o frio nos pés em tardes de Inverno. Não escondo também que adoro torradas. Mas é difícil conjugar a chávena de chá dois, quando se tem o coração frio. Ou quando se é tão egoísta, como eu, que não consigo nem sequer dividir o calor do saco de água quente. Gosto do sofá à minha maneira e detesto filmes com finais românticos. Pode até ser uma boa maneira de desculpar a falta de sorte.

Há quem diga que trabalho demais. Que o tempo que sobra para mim e para os finais de tarde de Inverno cabe numa mão. Que se tivesse alguém com quem dividir o sofá numa tarde como esta, talvez o trabalho não ocupasse a mão cheia do meu dia. Não estou certa disso. Existem tantas coisas boas na vida, bem longe do sofá dois…

domingo, 14 de dezembro de 2008

Almoço das amigas_Dez08

Não existe prenda melhor que esta...obrigada.

domingo, 16 de novembro de 2008

Teatro - Os amigos.

Devem existir milhares de palavras escritas sobre este tema - os amigos. Talvez seja uma redundância estar a pensar que vou escrever qualquer coisa de novo sobre o grande e precioso universo dos amigos de sempre e para sempre. Não acredito neste cliché, confesso. Não porque tenha perdido muitos, mas porque já percebi que de um dia para o outro tudo pode mudar. É fácil pintar de cor de rosa uma tela dos amigos para a vida, reunir fotografias dos mais presentes e mandar mensagens aos mais ausentes. Talvez nada disto valha a pena, se pensarmos que muitas das vezes estamos a lidar no limiar das futilidades. Trocamos ideias e pensamentos ocos com frequência. Piadas e dicas com demasiada facilidade. Confundimos confiança com circunstância. Talvez por isto pensemos que temos muitos amigos e no final, restam os cinco dedos, numa mão cheia de nada. Numa altura em que reciclo amizades, é difícil perceber quem está e quem não está. Se quem está longe, está, por ventura, mais perto. Ou se quem está aqui ao lado, está lá bem longe. De nada adianta tentar perceber este enigma, só traz dores de cabeça aos mais comuns e desdém ao mais invejosos. Mais vale pensar que temos muitos. Somos, sem dúvida, mais felizes se acreditarmos que as demonstrações de carinho são sinal de amizade; que aquela mensagem significa respeito ou que aquele sorriso é sinónimo de dedicação. Considero-me uma amiga dedicada e péssima conselheira, como todos os meus amigos sabem. Talvez por isso seja um "boa amiga" para alguns. Porque não dou conselhos. Na verdade, todos os meus amigos me têm conselhos para dar. A verdade é que só oiço a minha mãe e a Nês. Mas também acho que todos sabem disso. Que a amizade não se mede pelo o acatar ou não dos bons conselhos. Ter a capacidade de os ouvir já não é um mau sinal! Já alguma escrevi por aqui que existem poucas pessoas que não quero na minha vida. Tal mantém-se. A verdade é que sempre julguei ter muitos amigos para todas as ocasiões. Para ouvir, sair ou rir. Sempre tratei os amigos por amigos. Há quem costume trocar por "colegas" em situações mais formais. Uma questão de nomenclatura, para uns, uma questão de principio, para outros. Faço parte do grupo desses outros que prezam mais os amigos que os amores. Dos que trocam uma noite romântica por uma noite de conversas à mesa; dos que telefonam sem razão aos invés de mandar uma mensagem de parabéns pelo aniversário. Costumo dizer que não sou ciumenta. No fundo, até sei que com os amigos sou demasiado egoísta. Lá pelo meio, é certo, tenho algumas situações menos boas, em que o papel de má me cabe a mim. Mas dentro deste teatro que é a amizade, todos podemos rodar nos papéis. É tão fácil de passar de amigo a vilão que não custa nada virar a página e começar um novo capitulo - Era uma vez dois amigos...

O meu iphone


Dizem os mais cépticos que é apenas moda. Há até quem diga que não passa de um capricho. A verdade é que tenho um iphone. Fantástico, não é? Lembro-me perfeitamente do dia em que o quis comprar. Estávamos em Port de Soller, em Palma de Maiorca, quando o Fre perguntou: "Aí Ana, se você quiser eu te vendo o meu iphone?!" Cool...pensei. Seria de facto um capricho poder substituir o meu qteckotijolo por um iphone que até pode tocar bateria ou piano! Por uma peça de arte que podia por ao ouvido a cada instante! com uma capa branca com tinha de ser! Adormeci a ideia e as poupanças. Queria tanto ter um! Quando mais uma vez o Fre perguntou: "Aí Ana, tou vendendo o meu iphone, quer comprar?!" Demorei quase uma semana até decidir se queria ter um iphone na minha cabeceira, na minha mala e em cima da secretária. Se queria atender os meus amigos num iphone ou se queria ser uma "special one". SIM!!! É meu, chegou no correio da Holanda! No manual o Fre referia: Ana, now you are one of us. From now on, you'll have more friens, more calls and more good sex! brincava... Adorei a ideia de pertencer ao grupo dos iphoners e de certa maneira dar um toque de glamour às minhas chamadas e às minhas mensagens. Adoro poder fazer zoom nas fotos, ouvir o toque do Viva la Vida ou até girar o ecrã. Qualquer coisa telefonem-me! Vou atender com muito estilo! No meu iphone, de capa branca, como tem de ser!
(eheheh)

sexta-feira, 7 de novembro de 2008


6 de Novembro de 2008, day 24:


É meia-noite e cinquenta e três. Leio as últimas linhas do livro eterno, que permanece na memória como um filme de terror narrado por um qualquer contador de histórias para crianças. Foram 24 dias de pura ficção, onde as palavras e as frases se ligavam de maneira tão real. Agora acabou...mais de um ano à espera para matar o vício e já foi. Fica a ansiedade do próximo...


quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Sim. Elas vieram cá.

E foi bom, foi mesmo muito bom... As saudades eram mais que muitas. Às vezes até apertavam cá dentro.
E elas vieram. Não foi fácil, mas a maioria das coisa
s boas tem sempre os seus precalços. E elas vieram.
Que bom ver o entusiasmo da L., sentir o abraço apertado da C. e puxão de cabelo da praxe da A.
As quatro reunidas. Num novo local, pela primeira vez pude par
tilhar com elas o meu espaço, (re)descobrir lugares e sensações.
Durante um curto fds conseguimos comemorar a nossa amizade como há m
to não fazíamos.
Vi a A. na fase do acordar, a C. a lavar os dentes repl
eta de pasta de dentes e a L. a aprumar-se com os seus acessórios.
No meio de tudo isto houve muita coisa.

Palermices
boas

Palhaçadas

Momentos (particularmente) especiais

Comida típica
E muitos momentos "hi4", compras a quatro, partilha de segredos, momentos e sentimentos.
Coisas tão simples como estarmos as quatro a ver o csi, a arranjar as unhas, viajar no metro, ver lojas e experimentar o que apetecia, encheram-me a alma. Ver vestidos de noiva, percorrer a maia e a rua de santa catarina, saborear croissants de massa doce ou uma francesinha (para umas à séria, pa outras aldrabada). Partilhar coisas do trabalho, da vida, dos amores e desamores mostrou que continuamos com a mesma essência.
Os momentos mais palermas mostraram que ainda estamos lá. As conversas mostraram a cumplicidade de sempre.
A saudade foi embora? Não, mas pelo menos já a deixámos em mau estado. E agora venha o próximo jantar, que este foi bom mas, como se costuma dizer, nunca é demais ;)

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Sim. Fomos ao Porto.

Sim, fomos, Saímos de Lisboa ruma à Invicta na convicção de reaver os jantares das amigas, tão desejados. Não foi fácil acertar as agulhas deste encontro. Horários, transportes, vontades e ajustes à última da hora. Mas fomos. E foi tão bom. Mais do que nos reencontrarmos, o melhor foi redescobrir a magia daqueles momentos tão nossos. Entre as torradas e a taça de cerelac, entre os croissants de massa doce e a francesinha sem molho...Reencontramos a Nês. Conhecemos de novo a casa dela e as coisas dela em lugares tão próprios onde só a Nês sabe onde estão. Fomos mais além e redescobrimos o Porto a quatro vozes e as oito pés, por entre as ruas de uma cidade cinzenta que não choveu por nós. Houve até quem nos julgasse um "Sexo e a Cidade" reinventado. Entrámos nas lojas, experimentámos roupas, trocámos gargalhadas e até falámos de sexo. Qual quatro perdidas num cantinho de Nova Yorque à portuguesa. Tinha tudo para ser delicioso este encontro das amigas. A saudade cobriu de encanto todas as falhas e contratempos. Nem demos por eles, para dizer a verdade. Talvez tenha sido perfeito. Foi fácil esquecer os maus agoiros de um fim de semana de trabalho para mim e para a L.; de uma sexta feira atribulada para a C. e de um fim-de-semana longe de casa para a Nês. Esquecemos quase tudo para lembrarmos apenas o que é realmente iimportante entre as quatro. Amores, desamores, estórias e pormenores que para mais ninguém interessam. Porque só nós entendemos o quão importante é estar juntas porque sim.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Here we go again.

15, Outubro de 2008, day one:
Compro o livro em português antes de qualquer outra pessoa em Portugal. Supostamente, só poderiam começar a vendê-lo dia 16. Prenúncio.

domingo, 5 de outubro de 2008

Bleu de toi.

É tão bom passear contigo 
em terra de rainhas, 
comer bacalhau com gambas, 
beber ginjinha com chocolate e 
fazer um brinde a nós... 

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Final Feliz.

Conhecemo-nos talvez há mais de uma década. Dito isto desta maneira soa a amizade de longa data. Na verdade são 12 anos. É certo que os primeiros tempos foram de criança, de disputa pelo mesmo namorado e cura da mesma paixão.

Sempre a olhei com carinho até no dia em que quase lhe espetei a mão na cara, por uma birra de adolescentes apaixonadas. Era a minha amiga das "Moitas", ainda hoje é. Começámos este "namoro" ainda ela morava no centro da vila, numa casa com paredes forradas a papel garrido. Tinha um beliche e vestia o 32. O cabelo era farto e indomável, queixava-se de não conseguir fazer nada com ele. Usava e usa All Star. Sempre foi uma miuda de ideias, forçada a crescer pela vida. A mãe fazia deliciosas tartes de amêndoa nos finais de tarde de escola e o pai separou-a de mim aquando a ida para o secundário. Não me esqueço. Trocámos de escola, namorados, números de telefone e morada.


Desde cedo trocámos valores. Encadernávamos juntas livros de escola para ganhar uns trocos para nada. Os amigos do secundário, esses, perderam-se no tempo e não restaram amizades em comum. Conheci-lhe histórias difíceis, lutas para as quais não podia contribuir a não ser com a minha presença muito de vez em quando. Separações, distâncias à parte. NUNCA nos separámos. De tempos a tempos fazíamos updates. Crescemos a comprar roupas diferentes, ela porque finalmente passou a vestir o 34 e eu porque gosto de ter 1001 coisas dentro do armário. Ela detesta cetim e roxo. E eu continuo a mostrar-lhe as roupas estranhas que acabei de comprar! Rimos sempre. Com as piadas dos outros e com as nossas memórias.


Hoje estou tão feliz por ela que me apeteceu partilhar. E escrever algumas linhas sobre esta amizade que nunca deixámos cair. Crescemos, é certo. E connosco esta magia que o tempo não desvendou. Ela continua a acreditar na Sininho. E que na Wendy. Talvez tenham sido os sonhos que nos tenham trazido até aqui. A esta terra onde a amizade nunca acaba.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Última página.


Ontem acabei de ler a minha "bíblia", como todos lhe chamavam. Aquele grosso livro de capa preta, dura, foi arrumado na prateleira da estante, junto aos "já lidos".

Foi quase por impulso que comprei o Shantaram. Li uma crítica do livro no suplemento do Público e fiquei muito curiosa. Encomendei-o pela net. Foi a minha primeira experiência de online shop (sem contar com os bilhetes de avião) e correu bem.

Passadas duas semanas, lá estava o senhor dos CTT a tocar à campainha da minha nova casa e a entregar-me em mãos aquele pesado pacote. Aconteceu em Fevereiro, julgo, um mês depois de me ter mudado. Casa nova, romance novo. Sete meses depois, sentada no 727 a caminho de casa, fecho pela última vez a grossa capa do Shantaram.

A viagem que me proporcionou foi longa. Não intensa - porque não me identifiquei com a personagem, o escritor - mas enriquecedora. Viajei pela Índia, pelos indianos pobres, pela máfia do tráfico de passaportes, divisas, ouro...viajei pela prisão e as suas torturas, por uma qualquer guerra no Afeganistão, pelas ressacas da heroína, assassinos, uma história de amor.

O escritor, Gregory David Roberts, demorou 13 anos a escrevê-lo. E, conta, com muita dificuldade. Teve para desistir várias vezes. Na prisão, o frio enregelava-lhe os dedos e esmorecia a motivação. As páginas perderam-se, outras ficaram manchadas pelo próprio sangue. Mas manteve-se firme. Conseguiu.

Dia 16 vou embarcar com outro destino: Barcelona. Pela mão de Zafón. E aí sim, vou mergulhar a minha vida naquelas letras como se não houvesse amanhã. Tenho a certeza.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Sex & the City in Oporto


As amigas vêm ao Porto.
E eu estou toda contente :)

domingo, 21 de setembro de 2008

Até já.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Saudades (parte II)

Como estou numa de saudades, não resisto a referir as saudades que tenho do CEF, onde passei muitos mas mesmo muitos bons momentos. Foi lá que conheci grandes amigos, foi durante esses anos que aprendi o b.a.ba. de muitas coisas.

- principalmente, sinto falta das pessoas que conheci lá;
- da minha turma do secundário, da turma de desporto e dos anos do secundário, sem dúvida, os melhores que lá passei;
- do atha (nunca tentei escrever este som) que eu e a Ana inventámos;
- do "estas escadas inspiram-me" e do "patati" do Gil;
- das maluqueiras daquela turma;
- da cara de sono da Cláudia pela manhã, da alegria doida da Bértolo, do companheirismo do Marco, da Carolina e o seu jeito de princesa, das gargalhadas da Vânia, da Katrina que me chamava Né, das piadas do Igor com a Cacilda, da Gui, da Marinha e do espírito bom da turma de desporto, da Sofia e do seu "tiroteio" (...);
- das maluqueiras e disparates diários do nosso grupo, que às vezes me fazem tanta falta;
- de comunicar com a Ana sem falar;
- das viagens no bus do sr. Abílio, que tantas aturou;
- de me sentir leve como uma pena, da espontaneidade e da alegria (quase) permanente;
- de escrever recados no caderno durante a aula;
- de alguns professores;
- das festas e das viagens do CEF;
- de ter uma cintura de 60cm e um rabo "no ponto" (lol);
- de mim naquele tempo
- ...

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Saudades (parte 1)

Tenho saudades de várias coisas, muitas vezes... E hoje, ao contrário da maioria dos dias, apetece-me dizê-lo.

De Lx tenho saudades:
- da casa das olaias, do solar, como outrora lhe chamou o Filipe, que durante anos considerei um verdadeiro lar. De acordar de manhã com a boa disposição da Ana, de ver o Pepa ensonado e o Romeu a ralhar com o fogão. De dar nomes aos electrodomésticos com a Ana, de a ouvir a dizer "isto tem pós";
- da Av. de Berna, da Faculdade e dos amigos que fiz lá (Carolina, Laura, Nekas, Catarina, Ju, Marina, Esteves, Guru, Filipão e tantos outros);
- do Ahhh da Carolina, do seu jeito despachado e da energia que ela põe nas coisas;
- da Laura, os caracóis dela, de a ver com os seus milhentos acessórios e de a ouvir dizer "miga, encontrei o casaco/mala/vestido/... da minha vida"
- dos jantares e das saídas em grupo. Deveriam ter saido mais;
- dos jantares das amigas durante a semana e todos os meses sem falha alguma;
- das amigas dormirem juntas e partilharem segredos antes de adormecer;
- de chegar a casa cedo ou pelo sair da faculdade ou da AC e ainda apanhar lojas abertas;
- do tempo que tinha livre para ir ao cinema, às compras e passear;
- de poder faltar
- de ir às compras com as amigas e experimentar tudo o que apetece. Dizer e ouvir "fica bem" ou "esse não, experimenta este"
- das colegas da AC que valem a pena;
- do calor e do tempo mais constante
- ...

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Vazio.

Estes últimos dias têem sido isso mesmo - vazio. Em jeito de desabafo misturo sentimentos e devolvo gestos pouco afáveis. Os dias quentes de verão terminam, por entre vendavais de um outono pouco pronunciado. A rotina trabalho - casa, aos poucos, cria-me uma espécie de revolta pacata. A hipocrisia no trabalho revolta-me mais. Os dias abafados e sós fazem-me menos resistente do que aparento e só há lugar para o cansaço e cinzento. As conversas de corredor distraem-me. Mas o pouco tempo que me sobra não chega.
Para mim sobram talvez duas horas. Neste dia de 24. Entre o chegar a casa, cumprir as tarefas e até pensar um pouco nas escolhas que fiz, sobra-me pouco tempo. Faz-me falta aquele abraço ao final do dia, como quem susurra - "está tudo bem". Não há lugar para tristezas, é certo. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. Apetece-me largar tudo e começar do zero. Dos tempos em que apanhava o 56 até à av. de berna. conhecer de novo aquelas pessoas e lugares e de alguma forma alterar o rumo das coisas. Fosse isso possível, não estava aqui. Dali não guardo muito, mas o essencial: as amigas.
Mas agora já nem existem jantares das amigas! parece que de repente deixaram de ter segredos para partilhar ou ter vontade para o fazer. aos poucos desvendamos o previsível e já nenhuma delas pergunta: quando vai ser o próximo? deixo essa questão para as noites bem dormidas para que não perca o sono. Os umbigos são cada vez maiores e sem nos darmos conta cada uma cresce à sua maneira. Ou porque já tem programa, ou porque estava ocupada ou até porque não consegue abrir a porta com uma mão apenas. O "olá" do outro lado parece desinteressado e talvez por isso começe a achar que se perdeu o encanto das amigas. Sem surpresas damo-nos conta que nada mais há a acrescentar. Parece que a Nês é que tem razão cada vez que diz "está tudo bem...".
Não está nada bem quando penso que eliminei do calendário o aniversário da minha mãe e de tantas vezes que repassei as datas 6/7 setembro nunca me lembrei que fazia anos. Alguma coisa de errado mora em mim. Senti-me mais pequena que nunca por me ter esquecido. por nem sequer ter pensado numa prenda ou numa surpresa. senti-me a pior deste mundo e do outro. mas já passou. as auto-criticas chegaram para me lembrar. e para me deixar este vazio. que o silêncio do outro lado não ajuda a colmatar.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Amor Público


Amanhã faria precisamente um mês de absentismo meu por estas bandas. Hoje resolvi quebrar a longa ausência para bradar aos céus o meu eco. Hoje resolvi contar uma história, a nossa história.

Disseste-me um dia que pensaste várias vezes que eu era "areia a mais para o teu camião". Por isso, não ousaste imaginar que eu pudesse olhar-te, de verdade. As constantes abordagens sempre com o mesmo cognome - cara colega - foram, talvez, a ponta do novelo, que se foi desenrolando muito lentamente. Não me lembro qual o momento preciso em que olhei para ti daquela outra forma (e passei a ver não apenas um simpático rapaz com queda para comediante, mas também um menino timidamente apaixonante com os olhos cor de mel mais pestanudos da escola)... mas lembro-me como se fosse ontem de ter ido de propósito ao campo, num dos curtos intervalos, só para te desejar boa sorte para um insignificante jogo de futebol. Cativaste-me algures entre um sorriso, uma piada e um piscar de olhos.
Ainda longe de entrarmos na frequência um do outro, usámos a propagação das ondas magnéticas do SMS para declararmos a nossa intenção de aceitar o desafio. O nome que piscava no visor do telemóvel? Caro colega, ora. Até hoje. A meio da tarde do primeiro dia das férias de Carnaval do ano 2000, eu em minha casa e tu na tua, clicámos no "enviar" em simultâneo. A conversa desenrolou-se e tu, a confiar de novo da telepatia, ousaste: "queres ser a minha Julieta?" Haveria forma mais romântica e ternurenta de dois principiantes se declararem? Rendi-me.
Tudo o que veio depois foram histórias. Muitas. E com elas, sorrisos, promessas, estreias, choros, angústias, saudades, risos, sonhos, partilhas, cumplicidade, segredos, mágoas, palavras certas e erradas... e flores, vermelhas, amarelas, em ramo ou solitárias, compradas ou roubadas do jardim das vizinhas. Sempre me deste flores. E eu guardei-as quase todas, sabias? Estão junto às outras recordações: a primeira foto, os bilhetes de cinema e dos festivais, de comboio e das inúmeras declarações de amor que eu te escrevia, à moda antiga.
Sei que não gostas de recordar. Ou pelo menos não gostavas. Acabavas sempre com a minha felicidade nostálgica de lembrar velhos momentos. "Isso era noutros tempos. Éramos pequeninos, namorávamos há pouco tempo", dizias. Lembras-te quando te disse Adoro-te pela primeira vez? Ou quando me chamaste tortinha de azeitão? O dia em que te disse que estava de novo a apaixonar-me por ti? O beijo roubado antes de ir para a Bélgica? As confissões que te fizeram correr para minha casa para, em jeito ou não de vingança, me largares uma bomba no colo? O encontro imediato no comboio no dia em que tinhas o teu último exame da faculdade? ... estes momentos perdem-se no meio de tantas outras primeiras vezes, palavras ou situações marcantes.
Também me disseste um dia que nunca escrevi sobre ti no Blog. Que nós as três, parecia que tínhamos a regra inquebrável de não falar dos namorados. Tal regra nunca existiu, mas a verdade é que não é fácil o Amor Público. Fácil é deixá-lo cair na ligeireza, quando tentamos montar palavras e cruzar frases compostas. No entanto, aqui estou eu hoje a fazer parágrafos e mais parágrafos que não contam nem um quinto dos nossos minutos partilhados, mundos conectados. Mas a intenção é mesmo essa: expressar apenas o expressável. O resto, o âmago, essência e alma, fica nas entrelinhas. Nas minhas e nas tuas.
Oito anos passados e dois ou três interregnos, uns maiores que outros, ainda me chamas nomes esquisitos. Ainda dizes que estou sempre bonita e que gostas dos meus dedos feios, dos pés e das mãos. Nunca deixaste de me olhar com olhos de apaixonado e nunca desististe de nós. Ao contrário de mim. Acreditaste no impossível, erraste muitas vezes e soubeste, no momento certo, dizer "estou pronto".
Estás. Podemos continuar de corações emparelhados e mãos entrelaçadas. E hoje, sem tantos medos, podemos olhar ao longe e ver-nos lá. A preto e branco, sépia ou impressa em papel mate, a fotografia agora já não me aparece desfocada...


quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Final de tarde.


Diria até cumplice. Encontrámo-nos como de costume em frente ao Campo Pequeno, com o dourado do por do sol a raiar por entre as torres da Praça de Touros. Cruzámos Lisboa, distraídas pela azáfama disfarcada de meia cidade em férias. Longe da redacção e do escritório a solo foi bom entregarmo-nos à futilidade do final de tarde sem nada marcado.
Queríamos apenas ir às compras, arranjar as unhas e passear um quase nada. Fácil, para quem o lugar ou o tema não são desconcertantes. As conversas sem muita profundidade, para o que é costume, souberam bem. Gosto disto, preciso daquilo, não posso comprar isto, reclamámos com ironia. As prateleiras do supermercado são boa companhia para os desabafados de duas donas de casa em véspera de férias. Trocámos alguns palpites e planos para o fim-de-semana e mais uma vez chegámos a conclusão (cada uma à sua maneira) de que de facto, fazemos muitas coisas juntas. Até filosofamos sobre o preço do pacote de massa tricolor.

(...)

Acabámos a saborear queijo chévre, coberto de doce de morango. E porque não um copo de vinho tinto? Quase que me senti crescida quanto fizémos um brinde a nós...numa espécie de desdém pelos demais. Foi talvez uma cerimónia, sem lugar para sentimentalismos. Ou até um hino à amizade!

Gostei muito deste bocadinho, dissémos.

Bocadinhos destes, sempre.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Sexo e a Cidade (sem a Nês)

Fomos ver o Sexo e Cidade - a Carolina, a Laura e a Ana. A decisão foi quase imediata. Como que num clique de magia, estavamos as três sentadas no cinema do Campo Pequeno, ansiosas que a sessão começasse, sem mais. Havia quem dissesse que seria "apenas uma continuação da série". A Laura respondia prontamente - "é só isso que nós queremos". E de facto, foi isso que aconteceu, uma continuação das nossas personagens revidas em cada linha daquele diálogo. Há muito que sabíamos cada uma de nós viveria aquelas histórias, sem mais. A Carolina acabava de chegar com mais um par de sapatos, qual Carrie; a Laura racionalizava as saudades do noivo, qual Miranda; a Nês, ainda que longe, sonhava como a Charlotte; e a Ana lamentava a última relação, como a verdadeira Samantha. Rimos só de nos imaginar a percorrer as ruas de Manhattan, cheias de sacos de compras, em saltos altos. Chegámos a conclusão que devíamos ligar à Nês só para dizer que gostamos muito dela! talvez tenha sido no momento em que a Carrie saiu de casa em pijama e casaco de vison para fazer companhia à Miranda na noite de final de ano...faria o mesmo pensei. E como esta muitas outras cenas se repetem no nosso dia-a-dia, como uma verdadeira série de domingo à noite. Seja quando a Charlotte grita no meio do restaurante quando sabe do casamento da Carrie, ou quando a Miranda não perdoa o Steve ou até mesmo quando a Samantha se enche de guloseimas para não trair o namorado. Com vestem bem estas personagens em nós! Chorei, chorei muito quando o casamento não deu certo e a Carrie explicou - "depois de tantas que me fez passar, nem foi capaz de sair do carro..." Já ouvi isto a alguma de nós.
Os sentimentos comuns e os devaneios em paralelo são mais que muitos. Os risos e os sorrissos são idênticos. Lembro-me de quando e quanto chorei quando o perdi. Elas estavam lá. Quando a Carolina ficou sem o R.. Nós estávamos lá. Ou quando a Laura se zangou com o C. Nós estávamos lá. Ou quando a Nês decidiu mudar para o Porto. Nós estávamos lá.
Os jantares das amigas foram uma solução feliz para quando ainda estávamos todas em Lisboa. Agora que a Nês não está, é mais dificil. Mas já prometemos que um dia será na Invicta. Trocamos mensagens, mails e ligamos sem motivos. tal como dizia a miranda, "só liguei porque queria conversar". Sim, porque, de uma maneira ou outra, precisamos umas das outras para escolher a roupa do dia seguinte ou até para fazer mudanças de casa.

O filme passou como um flashback. A mais lamechas fui eu. Talvez porque reconheci muitos dos diálogos. A Laura já tinha visto e a Carolina consegue ser fria nestas coisas.

Voltámos para casa com um sorriso nos lábios e a música a soar bem alto - All I want for Christmas is you, a relembrar o Amor Acontece. Deixamos a Kikas em casa. Depois de cometer uma contra-ordenação em prol da amizade. Regressámos pela Marginal a escutar as músicas de encantar do i-pod da Laura. And so it is do Damien Rice fechou uma espécie de noite encantada. "Nunca vou poder voltar a tê-lo, pois não?", perguntou a Samantha. "Não.", respondeu a Miranda. Lamechices. O amor será sempre uma griffe necessária. Voltamos a rir.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Lembro-me da primeira vez que te vi, sentada na cadeira da nossa sala de aula, no nosso então 10º ano. Lembro-me da expressão já enfadonha quando te perguntavam constantemente se as madeixas eram naturais.
Lembro-me das conversas que começámos a ter mas não me lembro do momento exacto em passámos a ser as melhores amigas. Sei que foi um processo gradual e rápido até.
Nestes anos aprendi a ler-te. Nos olhos, nos sorrisos e nos risos, na cara de má e na cara de triste.
Nesse dia de que falas acho que vi todas essas expressões. Sorriste qdo viste o meu irmão, riste com as piadas, vi-te triste a desbobrar os pensamentos com os cenários que se iam montando ao longo da noite. Angustiada até...
"Ainda não me deste mimos hoje..." Pois não, não dei os suficientes, quis fazer-te de forte, quis olhar para ti e ver que estavas minimamente mentalizada.
No momento da angústia, achei que bastava levar-te lá para fora, po pé da malta. Que ouvir as baboseiras da Catarina, as gargalhadas do meu irmão, ou as piadas do vitinho com o david e os abraços do gar e a minha presença a tentar levantar a tua cabeça iam chegar para te confortar.
Pensei mal, devia ter olhado mais dentro dos teus olhos, devia ter pegado na tua mão e levar-te dali para fora, nem que fossem 5 min, para soltares as lágrimas e voltar. Devia ter percebido que precisavas de mais, Ou então de menos. De menos daquilo.
Neste dia não te cheguei. Fui eu quem relativizou a situação, na esperança que me seguisses.

Desculpa. Mas deixa-me dizer-te que superaste a prova. Pelos menos aos olhos da maioria. Falta ainda sarar os buraquinhos que vão deixando entrar a tristeza.
Já tenho o meu kit de socorros pronto há mto tempo. Os pensos não esgotam. Vão cobrindo a ferida para ajudar a sarar. Não, não posso fazer pontos e fechá-la. Queria mto mas não posso. O trabalho com a agulha é teu. Só nós podemos fechar bem as nossas feridas. Mas vou sempre usar o meu kit. E se um penso se descolar, tens outro lá assegurado para não abrir mais a ferida.
Desculpa se não o usei bem neste dia.

Adoro-te.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

A extravagância de um talento


Ousei pensar em escrever algumas páginas soltas sobre aquela personagem que entrou de repente. Pensei numa história curta, mas não tão breve como foi. Delineei as linhas mestras de um romance que começara com um olhar discreto numa esplanada à beira-mar. Ou talvez com um olhar ousado entre um chá de cidreira num bar no Páteo Bagatela. Não soube definir na primeira linha se seria uma história de amor ou uma paixão arrebatadora. Era uma história com música, animada pelas noites quentes de verão, entre um Requiem de Mozart e um Schostakovich. Outro som, julgava eu. A personagem tinha o seu quê de loucura amena. Marcada pelo temperamento do norte e pela fraqueza de um corpo débil. Adivinhava-se um contra-senso de ideias saudável e uma mais valia pelo desafio à extravagância daquele talento. Dedicado às artes da cor e do movimento, quase que ousei defini-lo como artista. Cheio de devaneios e manias próprias de quem nunca saberá o que quer. Artista não era talvez a melhor definição para quem tentava constantemente combater as emoções e os ensinamentos. Artista seria se soubesse transformar a angústia em credibilidade, o medo em coragem, a afronta em despojamento e a cobardia em frontalidade. Não era artista de sentimentos, nem mestre das palavras, apenas da oratória. Do dom da voz crédula e do tom certeiro que engana qualquer um à primeira vista. Dizia-se aventureiro e artista de mala às costas por esse mundo fora. Capaz de conquistar este mundo e o outro com o dom que trazia na ponta dos dedos. Nunca quis desdizer tal sonho, com receio de soltar o barco mal ancorado. Mesmo assim, sabia-o difícil. Nunca impossível para quem era convicto das suas metas, embora descrente quanto às suas capacidades emocionais. Culpava o mundo das mulheres pelas incompatibilidades e as dores de cabeça pelas faltas de humor. Sim, humor. Não sei definir esta personagem com bom ou mau humor. Muito menos com bom ou mau feitio. Já mo haviam descrito como coração de ouro, embora não me tivessem explicado que antes do ouro havia uma gruta imensa de egoísmo. Não demorou tempo nenhum a descobri-lo. E foi aqui que pensei que poderia escrever um romance, com pés e cabeça e com bons modos. Um desafio interessante para quem se cansou de desenhar personagens improváveis e vazias de talento. Esta era de facto uma imensidão de talento que mostrava apenas com notas soltas a ouvidos de amador. Tarde percebi que a imensidão que conquistei como quem abraça o mundo não era mais do que uma extravagância de talento na qual não sobrava espaço para outra personagem. Não havia espaço para a conquista dos defeitos pelas qualidades, ou da mudança em prol de um projecto a duas mãos. Talvez tivesse sido mais vantajoso não ter dito “sim aceito escrever esta história”, porque agora que tenho o esboço ainda guardado e fresco na memória é sem dúvida mais difícil apagar o barulho das minhas botas a bater na calçada, enquanto caminhava para o inicio desta história.

domingo, 20 de julho de 2008

Relativizar.

...Dou por mim com os olhos cheios de mar. Dou por mim a repetir-me, vezes sem conta, "tens de aprender a relativizar".

Hoje sinto-me como se tivesse passado a noite toda em claro a ver passar a história que sempre quis escrever. Perdida entre as linhas por acabar.

Estou com raiva do mundo, de mim e de qualquer coisa. Sem motivo aparente e por todos e mais algum. É, de facto, dificil, definir o porquê do amargo. Uma mistura mestra de perda com um ligeiro toque de inveja e maldade. E até, para quem gostar, uma pitada de saudade mais que muita. Foram demasiadas coisas ao mesmo tempo. O cansaço que não me deixa dormir e a sensação de impotência que me tira o sono.

Prova dura. Diria até, improvável. Senti-me seguramente mais pequena do que um grão de areia e aquele sentimento de inveja que me consome, preencheu-me a noite inteira. Queria poder haver dito mais do que pensei. Queria poder ter explodido num choro longo ou até virado as costas e desistir a meio do caminho.

Engoli a seco a tristeza, num único trago e, sem avivar muito as memórias, dançei a noite inteira. Pisei com desdém a vontade de dizer "abraça-me". Com força, muita força. "E passa-me a mão pelo cabelo". Por favor. Senti-me quase tão miserável como a imagem que criei. Fiz questão de me sentar comigo mesma e explicar, pausadamente, que não há solução.

Creio que são mais que muitas as vezes que me detenho com este pensamento. As amigas limitam- se a ouvir e a tecer comentários sobre a minha conduta. Oiço, com algum pessimismo e tristeza. Precisava de alguém que entendesse o quão pequenina me senti e quão dificil é ter de passar por isto sozinha ou mal acompanhada. O quão dificil é ter de escolher entre os meus amigos e os momentos de alegria e a minha sanidade passional. O quão dificil têem sido estes últimos tempos com o constante sentimento de perda a perseguir-me em cada esquina. Lamechices para quem deveria exultar de alegria por ter um trabalho, uma casa e bons amigos.

Talvez sejam isso mesmo.

Mas há dias em que me é mais dificil conter a amargura do "nunca mais" , a saudade angustiante do "Olá bonita" ou simplesmente a falta de. As amigas julgam-me carente e inconstante. Mas o disfarce hoje caiu. Queria apenas que alguém me tivesse dito "podes chorar à vontade". Não aconteceu. Não julgo ninguém por isso. Julgo-me a mim - por não ter sabido relativizar, mais uma vez.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Porque a vida está recheada de momentos bons:



A L. fez anos e nós estivemos lá! ;)


p.s.: o meu riso tem justificação - estava a comer e não podia mostrar os dentes tá? :)

terça-feira, 8 de julho de 2008

A morte do artista


Pode ter sido pelo prato de arroz com pau de canela, na primeira vez que trocámos um beijo. Prefiro pensar assim. Pode até ter sido pelo meu jeito exagerado de arrumar as meias por cores e texturas. Talvez porque gosto de colocar as almofadas do sofá de uma determinada ordem. Porque gosto de ouvir a mix pela manhã ou simplesmente porque gosto de ovos mexidos ao pequeno almoço. Razões suficientes para assinar a morte do artista. Perene e impetuosa. Confesso que não me reconheço quando não faço a cama, quando deixo os sapatos à porta ou mesmo quando não lavo a loiça do lanche. Não me reconheço. Pormenores diriam alguns.

Prefiro, de facto, justificar-me pelo gosto distinto, pela maneira avessa ou até pela exagerada cumplicidade prematura.

Conto ao Gaspar o que sucedeu - o casal tem uma serissa - ouviu ele dizer no outro dia. Mentira, diz ele em tom furioso. As folhas caem e os ramos esmorecem aos poucos. A terra secou e os adubos que tenho adicionado não funcionaram. Nem mesmo as vitaminas de tempos a tempos resolveram a questão. Talvez por isso tenha deixado de dar flores, antecipando de forma autêntica aquilo que se previa desde o momento em que o trouxe para minha casa. Talvez o Gaspar não goste do vaso ou do sitio onde o coloquei. Pensei que podia gostar de sol pela manhã. Que lhe fazia bem sentir o raiar da manhã e ser regado de dois em dois dias. Pelos vistos, não o cuidei da melhor maneira.

Queria poder dar-lhe este mundo e o outro. Ou pelo menos não o deixar morrer entre as minhas quatro paredes. Eles não gostam que os mudem de sitio, alertou no outro dia a perita em bonsais. A verdade é que já o tive em três sitios diferentes, na bancada da memória, na prateleira da saudade e agora na mesa da paixão. Talvez não seja o local mais apropriado para uma arvore tão delicada, tão sensível. Prometo a mim mesma que o vou cuidar melhor, que caso não esteja bem, o levo ao hospital. Não me faz caso nenhum. Responde em tom jocoso que não há nada a fazer.

Cá em casa tenho mais três plantas. Uma orquídea - delicada e prodigiosa. Um semi-cacto, que aos poucos vai renovando a folhagem e um cacto verdadeiro. Este é o que se tem aguentado melhor. Não lhe ligo muito, é certo. Rego-o quando me lembro e tem suportado o calor com alguma facilidade. Talvez esta seja a melhor maneira de lidar com as plantas do meu jardim.

Não vão os experts ficar aborrecidos com o facto de não encarar as plantas como seres vivos.

Talvez a MINHA serissa não seja o melhor exemplo. Receio por ela e por mim. Que sem querer deixei morrer as raízes e secar os ramos mais jovens. E quase me sinto cumplice na morte deste artista.

(...)

Com descrédito, leio o Manual para Bonsais, e verifico que afinal não houve nada de errado. Talvez seja apenas uma questão de perspectiva. Na pior das hipoteses arranjo outro. No outro dia alguém brincava - "há quem diga que para ter um bonsai é preciso deixar morrer dois ou três primeiro". Talvez seja isso.

3º e último vídeo - Last chance!

A jornada está a quase a terminar.

Esta foi uma experiência mega positiva, onde pude sentir o apoio impressionante de todos vós - INCRÍVEL MESMO!

Eu sei que é cliché, mas tenho de o dizer: mesmo que não ganhe o concurso, já saí vitoriosa ao aperceber-me da quantidade de amigos que acreditam em mim. Lamechas, eu sei, mas é verdade e pronto!

Portanto, já está online o ÚLTIMO VÍDEO, que para mim, é o mais engraçado.
Diverti-me muito a fazê-lo. Portanto, espreitem e COMENTEM...se não tiverem mail do Sapo e não tiverem paciência para criar um (q é só 2 minutos), votem!

http://videos.sapo.pt/beatatsapo

Obrigado mais uma vez!

Sigam sempre o BEAT que vos faz marcar a diferença :)

quinta-feira, 3 de julho de 2008

O meu som.


Quase que tive a certeza que me apaixonei entre um som e uma nota. Quando olhei e vi aquela sombra debruçada sobre cada tecla do piano senti como que uma brisa a passar-me pelas mãos e a soprar-me pelo rosto, num tom fresco e repleto de aromas. Dediquei-me a contemplar as mãos delicadas e marcadas pelas cordas a passarem as pautas.

Lá fora o dia era ameno e seco, rasgado pelo assobio do vento a passar por debaixo da porta da Fábrica do Braço de Prata. Soava o piano, em jeito sereno, e o choro do violino em tom contemporâneo. Os olhares da assistência cobriam o palco e nesses instantes permiti-me seduzir o "virador de páginas" com um olhar cúmplice. Deixei-me sonhar com um ramo de túlipas roxas e uma chávena de chá de lucia-lima ao final da tarde, o meu favorito. Deixei-me sentir o cheiro a chocolate e a mentol e um toque a mel de jasmim. Vesti o vestido purpura e enchi dois copos com vinho lambrusco. Na mesa, em tons pastel, queimei um incenso de alfazema e deixei o cd tocar baixinho.

Afinal de contas tudo era possível. Enquanto as notas soltas preenchiam aquele momento de magia e serenidade. "Só consegui ouvir o barulho dos teus sapatos", disse.


É bom saber que o barulho ainda te irrita.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Mais um vídeo!

Caros leitores,

Mais um vídeo no Beat Generation, desta vez, uma reportagem sobre a The Wrong Shop. É a segunda prova do concurso, que parece não estar renhido, porque já se destacam alguns concorrentes (que têm muitos, muitos comentários positivos) - o que não é o meu caso. Parece que provoquei algumas reacções mais agressivas...lol...não era essa a intenção!

De qualquer forma, são sempre bem-vindos mais comentários, votos e apreciações.

Assim, fica o link do novo vídeo, que é o #014:

http://videos.sapo.pt/9a7ehuJ09oiWvDYs2MwL

Assim, fica a faltar apenas mais uma reportagem, que deverá ir para o site na próxima semana.


Obrigado pela confiança :)

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Porto (in)seguro


A minha vida já deu muitas voltas, mas chega a uma altura que regressa sempre ao que sinto ser o porto seguro, ao que faz mais sentido. Parece um ciclo. Uma história com "início, meio e fim", que apresenta o mesmo elemento comum.

Não são raras as vezes que penso nos últimos meses ou anos como um déjà vu enorme, que repete o passado mais remoto. Pode não ser nas mesmas circunstâncias, nem com as mesmas pessoas, mas o princípio está lá, de novo. Um bis em forma de vozinha que vive na consciência.

O meu pai chamar-lhe-ia "cair no mesmo erro". Eu julgo que existe uma força qualquer que me impele a completar a caminhada ali.A descobrir o mundo, chafurdar no desconhecido, voar para longe, cantar outras melodias, e depois voltar, aos poucos, para a almofada já modelada, para o confortável ninho do familiar, do já explorado.

No final, somos só nós em tempos diferentes, em dimensões paralelas, que nos reencontramos e desencontramos ao sabor da vida. Talvez seja essa a explicação.

Mas por mais voltas que a minha vida dê, sei ao certo quais as caras que vou encontrar vezes sem conta. Conheço os sorrisos que permanecem lá, para lhes pegar e levar de baixo do braço em mais uma volta. É matemático.

Ou nem tanto. No meio de tudo existe, claro, espaço para desilusões. E tenho aprendido que as surpresas podem vir dos lugares que julgámos mais nossos, de braços que não ousámos nunca pensar que nos falhariam...

Mas a vida dá muitas voltas.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Mexam-me estes cus que nós temos jantar das amigas!

O burburinho começou logo nos primeiros dias da semana...Jantar das Amigas!!!Finalmente íamos conseguir reunir de novo os nossos sorrisos e segredos. Há quanto tempo...Uma espécie de suspanse brilhava nos nossos olhos. Desta vez seria em casa da L. Aliás da L. e do C. Ousámos pensar que, por ventura, estaríamos a envadir um espaço que era dos dois e que talvez fosse melhor marcar num restaurante do costume, sem mais. Não! Pensámos em distrair o noivo, enquanto jantámos à luz da amizade. Quaríamos tanto fazer o "jantar das amigas" num sítio especial que nada mais especial que o ninho dos "trigueirinhos".

Horas combinadas, ponto de encontro definido e mandámos para trás das costas o furor do Portugal-Alemanha. Metemos no trânsito, entre os buzinões e a azáfama do fim de tarde em Lisboa e rimos, rimos, até ao primeiro golo.

Esperava-nos uma receita caseira, preparada pela astúcia da mais recente dona de casa desesperada. "Tenho o coração a bater, estão em minha casa". Bem-vindas. Foi, de facto, especial. É certo que já tínhamos feito almoço na casa da carolina, já visitámos a casa da nês e todas já dormiram na minha. Mas desta vez o toque era tão especial. A casa é grande, desenhada para dois e quase a pensar em três. Tão doce. Na entrada o toque colorido da L. Na sala, a tradição e a sobriedade do C. Como que uma melodia a duas mãos.

Saboreámos a alegria de estarmos juntas outra vez entre o amargo do relato televisivo. Até que Postiga apimentou o tempero das emoções. Mas nada a fazer "Adeus Euro". Mas entre a saída de Scolari, entrou na mesa a sobremesa mais doce de todas - Strudel de maçã e morango do ACSantos. A sobremesa das amigas. A favorita para adocicar as nossas confissões, amores e desamores.

Acho que chegámos à conclusão que estávamos todas apaixonadas. Qual "Sexo e a Cidade". Uma casa-se, a outra continua a sonhar, outra aterefada com trabalho e outra continua maluca por sexo. Rimos à gargalhada enquanto definíamos os papéis. Os mesmos de sempre.
Desta vez não tirámos fotografia a quatro. Não marcámos o próximo. Mas ai de quem ousar pensar que a tradição não se vai manter. São as contigências da vida de adulto em forma de adolescente.

A L. vai casar é certo. A Kikas está à procura de um lugar na TV. A Nês até já fica em Hoteis enquanto está em formação. Que crescidas, pensamos. Mas a verdade é que se vissem a L. a gritar no trânsito - Mexam-me estes cus que nós temos jantar das amigas! - perceberiam que um quê de loucura ainda nos resta :)

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Votos e comentários precisam-se!

Pessoal, agora é que é:

O meu vídeo já está online!!!!! É a minha apresentação e aviso já que está muito fraquita.
Peço-vos, por isso, as minhas desculpas, mas ainda preciso de muito treino em frente da câmara!



De qualquer forma, comentem MUITO, pois parece que serão os comentários que decidirão os finalistas. Quem não conseguir comentar, vote. MUITO!

Aqui vai o link:

http://videos.sapo.pt/qkJPc5TAlwckKJY9gRmB

Os outros vídeos virão em breve.

Estejam atentos!

terça-feira, 17 de junho de 2008

Feel the beat, feel the difference!


Queridos leitores,

Inscrevi-me num concurso para ser apresentadora de um pequeno programa online, da Sapo, chamado Beat Generation. Pois é, ando a tentar a minha sorte longe das páginas cinzentas dos jornais, a ver se me entendo bem com a câmara. Basicamente, sou eu a fazer figuras tristes e a dizer parvoíces.

Brincadeira ou não, vou deixar-vos aqui o site para poderem acompanhar a fase de selecção e votarem nos meus vídeos.


Neste momento somos oito finalistas. Cada um fez um vídeo de apresentação - o primeiro a ser divulgado no site - e duas reportagens livres, que estarão a votação para decidir o(s) finalista(s).


Portanto, toca a decorar o site http://beatgeneration.sapo.pt e a votar nos meus vídeos!!! (basta clicar nas estrelas do lado direito do vídeo...esperar pela frase "votação aceite" e voltar a votar, e outra vez, e mais uma vez, e muuuitaaas vezes até eu ganhar! :)


Vou mostrando todo o desenvolvimento do processo aqui no blog e à medida que aparecerem vídeos meus no site, deixarei aqui o link. Votem, deixem comentários simpáticos, vejam muitas vezes...
Aqui têm o vídeo de apresentação do programa e algumas passagens do casting:
Aqui têm um excerto do meu casting (Aviso importante: obrigatório rir!)

Conto com a vossa ajuda!
Ah! Todas as críticas, sugestões, conselhos, dicas são benvindas.

Espero estar à altura!

:)

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Pessoas que não quero na minha vida

Talvez seja ousadia pensar que podem existir pessoas que não quero na minha vida. Aquelas das quais não queremos nem sequer ter o número de telefone ou saber onde moram. Talvez seja descabido pensar que podemos de alguma forma riscar da lista de memórias esta ou aquela personagem. Talvez seja, quem sabe, improvável a vontade de reescrever a história das nossas vidas ou até o final desta ou daquele episódio.

O certo é que essas pessoas existem. Ou não deviam sequer existir. Temo haver duas ou três na minha história. Queria de alguma forma poder apagar o nome das recordações ou o rancor que deixaram ficar. Queria poder apagar o cheiro que deixaram na minha casa, as palavras escritas nos cadernos da escola ou até as fotografias penduradas no placard. Queria pedir ao vento que levasse tudo para lado nenhum e que não trouxesse notícias. Não queria sequer pensar que um dia abri a porta e deixei passar um sorriso ou uma palavra doce.

Julgo que quando crescemos a lista de indesejáveis aumenta. Ou pelo menos a tendência é encaixar os demais (ou a mais) nesta lista de "Inúteis para crescer". Talvez seja mesmo esta definição correcta - inúteis.

O pensamento parece-me lógico, quando penso nas pessoas que não quero na minha vida. Não são muitas, porque o rancor ocupa demasiado espaço no coração. Mas das que ficaram nesse iceberg, o voto é unânime: não quero. Não quero nem ouvir a voz. Não quero ter o nr. ou saber por onde andam. Prefiro julgá-las perdidas. E de preferência que eu tenha de alguma forma contribuído para essa perda. Que tenha perdido a direcção ou o alento.

Tudo é tão mais fácil quando inventamos categorias para quem não temos a certeza do que sentimos.

domingo, 8 de junho de 2008

Como um pássaro

Como um pássaro que vai
Quando uma porta se abre
Não olhes para trás e vai depressa
Como a noite quando cai

Abraçando a cidade
Deixa simplesmente que aconteça
Abre as asas e vai
Das tuas asas as minhas também
Abre as asas, eu fico bem

Como um barco que se afasta
De uma das margens do rio
Não há um só lado na vida
Quando um beijo já basta
Corpo quente em corpo frio
Deixa que aconteça a despedida

Abre as asas e vai
Das tuas asas as minhas também
Abre as asas , eu fico bem

E que a despedida
Seja só o recomeço
Livre asa solta
Voa alto, eu não te esqueço

Abre as asas e vai
Das tuas asas as minhas também
Abre as asas , eu fico bem...

(Polo Norte 2008)

quinta-feira, 5 de junho de 2008


Vamos ver juntas? Vamos, vamos, vamos? :)

A sorte num grão de areia

Julguei ter encontrado a sorte num grão de areia. Naquele grão de areia bafejado pelo talento dos génios e pelo fortúnio da coragem e desmesura. Naquela voz interessante e pensamentos longínquos. Na suavidade dos gestos e na simplicidade dos amores. Naquela sede doentia de mais e mais.

Um aperto leva-me o chão debaixo dos pés e a destreza nas palavras. Leva-me a sorte de ter encontrado um grão de areia, a fugir-me por entre os dedos. Vou deixar fugir e pedir. baixinho. para voltar depressa.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Fonte de ar

Há muito tempo que não sou assaltada por uma enxurrada de palavras a quererem sair pelo corpo. Aquele sentimento de "estar aflita" para organizar ideias no papel (ou ecrã), esvaziar um caldeirão cheio de emoções a fervilhar. Há muito tempo que não sinto urgência em encher uma página de estórias minhas ou de outrem, de explicar isto ou aquilo, de contar a novidade do dia, do mês. Já nem me lembro bem da sensação de me inspirar com o aceno de mão de um estranho ou o riso de uma criança na rua, a expressão dura dos utilizadores dos transportes público, um beco encantado perdido nas ruelas da capital...a fonte não secou, mas está com ar de abandonada, de descuidada.
A atenção dispersa-se e a escrita vira ritual antigo, cheio de pó e teias de aranha. Como um livro velho, há muito não revisitado. Um eco em surdina, perdido algures no tempo. Preciso de recuperar o jeito, o hábito, a mania e a obsessão. O timming e a paixão. 
Trabalho, stress, obrigações, responsabilidades, pressão, vida, discussões, amor, ódio, sentimentos, sono, cansaço, irritação, blá, blá, blá, blá...porque não inspirar-me com...o dia-a-dia mais comum??
Humm...
Será que a inspiração anda por aí, no ar? Como um bafo de ar quente num dia gelado de inverno ou uma lufada de ar fresco num dia abafado de verão?
Será?

sábado, 24 de maio de 2008

Caber em mim


“A vantagem de ser grande é caberes em mim…”soa a pretensão desmedida pelo tarde da hora. Soa a sabedoria das paixões e das histórias de ontem. Soa a canção de embalar quando susurro “gosto”. Soa a mar, como onda que descerra na praia o segredo guardado num grão de areia só. Soa a cantar perdido, eco.

Caber em mim. Cabes porque és pequena, porque te tenho e porque te julgo minha. Só. De ninguém. Porque julgo caber em ti da maneira como costumam definir “um”.

Desejo com o toque a chilly. Pau de canela. Suave. Aroma a chá do oriente. Que cabe no meu paladar. Sabor a cereja, morango e fruta exótica, pela excentricidade das palavras e pela ferocidade dos gestos.

Caber em mim. Na palma da mão, entre os dedos e em mim. E por isso caibo eu, tu e o tal não sei quê ocupa mais espaço do que nós os dois, cada um por si.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Tudo está bem quando acaba bem.

Capriciosa, 21 Maio, Sempre.

Laura, desculpa a semana díficil.Não tinha sido possível sem ti.
Carolina, só queria sair dali e ir ter com vocês, antes de nada.
Nês, desculpa se pensei que não estavas feliz.

Vocês são sempre a parte melhor do meu dia.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Tempo.Tiempo.Temps.Time.

"Tudo o que pedimos é tempo". Assim dizia Meredith no último episódio da Anatomia de Grey, na RTP2. No final, é esse o objectivo latente do dia-a-dia...queremos sempre ter tempo. Mais tempo. Tempo.
Para crescer. Para nos erguermos depois da queda. Para entendermos. Melhor. Para não sofrer, para viver, para aprender, para amar. Para ser amada. Ou tão simplesmente, tempo para termos de sobra.
É uma ausência constante. Um termo sempre presente pela não presença. Perdemos tanto tempo a dizer que não temos tempo e a pedir tempo, que perdemos a noção do tempo e entramos num círculo vicioso. Nunca ninguém tem tempo a mais.
Vivemos em contra-relógio, em contagem decrescente. As horas, os minutos, os segundos, são cadências que marcam um ritmo. O ritmo da vida. Aquela que queremos encher de tempo.
Os momentos não crescem. Não esticam. Não se multiplicam. A maior parte das vezes são efémeros, alguns irrepetíveis, outros são apenas instantes de tempo, partículas ocas que ocupam tempo. Tempo denso.
"Nunca morras", foi o pedido que a outra personagem da série, Cristina, fez. Afinal, não é mesmo isso que todos queremos pedir?

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Chá de Morango

Foto:DR
Como não fui ao Chá da Lapa, assim passei o serão... :)

terça-feira, 29 de abril de 2008

Sim!


"Vocês também são de CC?", lembro-me do dia em que a vi pela primeira vez. Sentada no vão da escada na torre da FCSH. Vestia tons de castanho e trazia qualquer coisa presa nos caracóis dourados. Era quase inverno e estava atulhada de casacos e cachecois, não fosse uma alentejana friorenta. Daí a trocarmos conversas banais e apontamentos de faculdade, foi um nada, qual gesto insignificante quando penso no que temos hoje. Trocámos uma jura de amizade. Acho que no dia em que fomos para a covilhã, no carro da Carolina, a dizer disparates que nunca mais acabavam. Rimos e quase chorámos quando demos de caras com um hotel saído de um filme de terror!

Depois trocámos mensagens, jantares, fatias de pizza e papas de abóbora à quarta-feira. Lembro-me do dia em que nos confidenciou que tinha mentido aos pais para ir ter com o C. pela primeira vez. Actuação da tuna. E foi debaixo de uma capa de encantos e muito amor que o C. a levou. Conquistou-a com um sorriso e com um"gosto de ti, trigueirinha". As amigas, numa espécie de união mosqueteira, sempre enrrugaram a testa. Dizíamos que eram diferentes, que nunca iria funcionar e que não havia amor que sustentasse as diferenças. Ela adorava dançar no rancho e ele cruzava os braços nas festas da aldeia. Ela gosta de ouvir músicas pop, ele de fado e música clássica.

Passaram-se cinco anos. As amigas continuam a enrrugar a testa, quase por pirraça. Porque a L. talvez seja a mais encantada de nós as quatro. Porque gosta da história do Peter Pan e das histórias de adormecer. Porque usa flores no cabelo e não veste nada que não esteja a condizer. Não larga o telemóvel, é verdade. Mas nem por isso deixa de sonhar. Sonha muito e vê em cada um gesto um sinal. Usa o mesmo perfume há anos e sempre que o sentimos, dizemos em coro: "Cheira a L.".

Lembro-me do dia em que caiu das escadas. De quando o telemóvel foi atropelado três vezes. De quando tocámos a campainha da travessa Henrique Cardoso. E rimos. Rimos. Sempre foi a mais séria. Nos jantares, era sempre ela que dizia "escolham vocês". Não a condenamos por isso. É a L., explica a Carolina.

Criámos uma espécie de namoro eterno. E talvez por isso me tenha sentido traída no dia em que disse "sim!" Senti que alguém a roubava de nós. Que nunca mais ía ser como antes. Que tonta! Quase chorei quando recebi a mensagem.

Quis dizer-lhe que estava muito feliz. Mas quase me esqueci de dizer*

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Nessa direcção

Como se fosse um cruzamento sem prioridades. Lançei-me neste trilho, sem olhar para trás. Ou talvez, sem olhar para a frente. As marcas de um caminho já mais do que pisado pelos outros conduziram-me a este passo sem destino marcado. A uma página nova, sem linhas por apagar, sem cheiro a memória, sem vestígios de páginas arrancadas. É como se fosse uma história intacta, quase intocável, mas outrora vivida.

Existe alguém a contar-me esta história. As palavras são outras e o jeito nas entoações dá-lhe uma cor diferente. Dá-lhe a cor da cor. E foi pelos sussurros dessa história por contar, lida nas entrelinhas dos sorrisos, que me deixei levar. Uma maneira desconcertada de colocar as palavras e as pausas soou-me a encanto. Sem pausas talvez. Soou-me a canto de sereia, escondido por entre o toque firme com que me segura a mão.

"Então?" pergunto vezes sem conta. Como quem pergunta à vida: "para onde vamos?" talvez porque tenho sede de ir a qualquer sitio. De ir aquele lugar que nem todos têm a oportunidade de conhecer.

O lugar das paixões, da mão na mão, do beijo no meio trânsito, dos passeios na areia, dos abraços inoportunos, das festas no cabelo, das gargalhadas destemidas e dos segredos a dois.

Vou nessa direcção.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Palmas.

Foto:DR

A vida devia ser como um bailado.
Um palco de luzes ora acesas, ora apagadas, ora em lusco-fusco, e corpos a deslizar pelo chão preto, agarrados uns aos outros, confiantes.
Os movimentos certeiros a imitar qualquer coisa que cada um associa à sua maneira e os mais improvisados, que suscitam sempre formas "efabulativas". Os braços recebem o peso inerte do corpo que parece uma pena. No instante seguinte, empurram-no para longe como se rejeitassem o contacto demasiado próximo. E é neste jogo de vaivém que se desenrola a história, marcada por abraços e empurrões, movimentos suspensos e repetitivos.

*
Ontem li liberdade em cima do palco.
O violino marcou a cadência de cada bater do coração. Meu e dos bailarinos. A música enrolava os corpos, embalava os gestos e rompia as respirações. O Front Line rezava assim, solto e livre, descompensado e desequilibrado. Apenas em harmonia com os instrumentos de cordas. O toque duro do pé contra o tapete negro contrastava com os agudos das violas. Numa espécie de cantiga entrecortada.

Depois veio a Paixão. O Medo.
Dois corpos que se entrelaçavam e surgiam num só, como figuras do mesmo molde. Movimentos aguçados e ternos, violentos e doces, tal e qual a linguagem dos amantes. Primeiro sem música, no silêncio da desconfiança. E depois com ritmo, embalados pela emoção. Dois pesos, um (con)tra o outro, um em face do outro, quentes, pegados - Lento Para Quarteto de Cordas. Uma história de amor como tantas outras, onde coube a paixão arrebatadora, o encanto, a confiança, o medo, o arrependimento, a alegria, o conforto, a idolatria, o sorriso, a solidão, a dor, a felicidade, a alma...

No final, a liberdade em jeito de loucura.
Gestos descoordenados, insanos e descontrolados apoderavam-se dos grupos que mostravam, cada um, a sua visão da história. A Cantata misturava-se com os sons dos corpos a escorregar e a rebolar no chão, a combater a lei da gravidade, a lutar por um lugar no seio da dança. Todos parecem não se importar com a distância que aparentam da normalidade. Todos cambaleiam, a fugir do poço e a precipitarem-se na falésia. Devaneios que nos fazem sentir livres. Até para ser loucos...

É também na dança que vivem os sonhos.

Companhia Nacional de Bailado
Front Line, Henri Oguike
Lento Para Quarteto de Cordas, Vasco Wellenkamp
Cantanta Mauro Bigonzetti
Teatro Camões