sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Be strong now because things will get better.
It might be stormy now
, But it can't rain forever*


* inteiramente para ti, para nós :)

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Olá? Adeus?

O estranho modo de vida de um homem que escolheu acenar a toda a gente.

“Bye-bye” é o nome por que é conhecido João Manuel Serra, o velho que todas as noites alegra a Praça do Saldanha. Nascido a 24 de Outubro de 1930, em Lisboa, João, como gosta de ser chamado, há cinco anos que resume a sua vida a um só objectivo: saudar com um “adeus” ou até com um beijinho aqueles que circulam na Av. Fontes Pereira de Mello, da meia-noite até às 3 da manhã. “Sinto-me sozinho e é por isso que procuro esta forma de comunicação”.

João vive sozinho em Sete Rios desde a morte da mãe. “Os meus pais morreram há imenso tempo, desde aí sinto-me muito desapoiado”, explica. Considera-se “uma pessoa banalíssima”, embora passe os dias a chamar a atenção de quem passa. Nascido em berço de ouro e criado numa redoma de vidro, “Bye Bye” nunca teve necessidade de trabalhar, vivendo apenas da herança da família. “O meu avô era muito rico, o meu pai era rico mas eu não sou rico, vivo do que me deixaram”, acrescenta com alguma vergonha.

Quando não está de serviço, este amante da arte divide o seu tempo entre uma ida ao cinema ou ao teatro ou visitas aos amigos, utilizando sempre os transportes públicos da cidade. “Não tenho carta, mas adoro andar de automóvel”, alude João. Agora sem a companhia da sua mãe, com quem conheceu toda a Europa, menos a Grécia, rendeu-se a uma vida mais pacata.

João não gosta de cozinhar, odeia cumprir horários, detesta ler e ver televisão e a mudança para o horário de Inverno irrita-o imenso. “Sou muito preguiçoso”, admite este jovem de 74 anos com um sorriso. Habituado a viver rodeado de luxo, “numa casa com 50 assoalhadas no Restelo”, este “bon vivant” foi sempre um menino mimado.

“No primeiro dia de aulas berrei tanto que a minha mãe teve de me ir buscar à escola”, refere com uma gargalhada. Fez a instrução primária em casa, frequentou os melhores colégios e chegou a ingressar no curso de Direito, por vontade do pai.

Cabelo grisalho, óculos de massa pretos, gabardina de cor clara e um saco de compras na mão é a sua imagem de marca. Bombons Godiva e queijo suíço são alguns dos prazeres que não dispensa e por isso todas as noites, antes de ir para o Saldanha, onde se mantém até de madrugada, abastece-se destes pequenos prazeres no supermercado mais próximo.

Foi junto a um semáforo que “Bye Bye” diz ter encontrado a sua vocação: fazer nascer um sorriso e um pouco de felicidade naqueles com quem se cruza todas as noites no mesmo local. Dali, João apanha um táxi para casa, porque tem medo de ser assaltado na sua zona residencial. “Todos os meses gasto 150 euros de táxi, mas é uma questão de segurança”, afirma enquanto ajeita a gola do casaco que o agasalha do frio.

Depois de uma vida agitada mas banal, este homem realiza agora o seu grande sonho: ser actor num dos maiores palcos da cidade de Lisboa, a praça do Saldanha, onde diariamente passam centenas de pessoas que já conhecem de cor o seu papel.

João lamenta hoje não ter nenhum descendente para poder contar a sua história bizarra às gerações vindouras. Foram precisos 70 anos para este amante do ócio transformar a sua vida naquilo que agora acredita ser “um verdadeiro milagre.

Texto de Ana Assunção, Carolina Almeida e Laura Perdigão, FCSH, 2005

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Conversas

"és uma trenga..."
"buuuu"
"buuu?"
"sim, tou a vaiar-te"
(...)
"tenho saudades tuas"
"eu também :)"