sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

"Mas porque é que tens má circulação?"

[Pergunta feita por um colega...]

Ora aí está uma pergunta que eu também gostaria de ver respondida...
Bem... tenho tanta coisa para contar!

Fui a França!! Sim, ver o mano, conhecer os novos lugares dele, ver o anel de noivado que ele deu à minha futura cunhada, ver lojas novas e fazer compras nos últimos saldos, conhecer a Disney!!!
Foi lindo, cansativo mas lindo. Foi bom voltar a ver o meu irmão, o seu sorriso na cara de marato (não tanto ouvi-lo a falar francês, mete-me cá uma certa espécie...:p), rever os novos membros da família, foi bom passear naquelas estradas com paisagens que mais faziam lembrar as encostas alentejanas. E foi lindo ver a Disney com eles, entrar por ali adentro como uma criança, olhar para tudo completamente maravilhada. Já não foi tão bom o frio que rapei por lá. É justo dizer que conheci o Frio, um senhor nada bem humorado, que ora nos salpicava com água fria ou nos soprava gelidamente com toda a força.
Mas foi lindo lindo. Voltava a enfrentar o Frio, as viagens de avião (não consigo gostar de voar) e mais o que fosse para poder ir.

Depois tive o magnífico Encontro Anual da Siemens. Trabalhar até às 2 da manhã num Casino foi a loucura. Tudo acabou por ser a loucura. Nomeadamente o calçado escolhido... Quem, mas quem Inês Filipa te disse que ir de sapatos altos era boa ideia? "Parece uma princesa." Agradeci o elogio e os outros que acabaram por vir e foi a única consolação para o dia seguinte, em que parecia uma pata a andar...

E depois, fiz anos! É verdade, 24 aninhos... não tarda tenho um quarto de século (soa a pesado né?). O dia foi diferente, passado numa terra diferente, com pessoas diferentes. Foi estranho não ter as pessoas de sempre comigo, tenho saudades, mas a companhia deste ano foi boa e tentou, dentro do possível (uma vez que a chuva também me quis dar os parabéns) proporcionar-me um bom aniversário. Mas quero desde já agradecer os parabéns, os gosto de ti e expressões e demonstrações afins que vocês todos me deram.

E pronto, não percam o próximo episódio. :)

Finalmente.


Lembro-me do dia em que a conheci. Trazia um vestido com flores azuis e tons de cinzento. Perguntei-me que idade teria e se seria mãe. Trocámos algumas palavras e um olhar de cumplicidade.
O tempo arrastou-nos para uma relação mais do que saudável. Bonita, diria. Trocámos o você pelo tu e desde aí ao carinho foi um passo. Descobri que gostava de sésamo, diospiros, iogurtes naturais, e bolachinhas de aveia. Trocámos segredos e desabafos em horas de aperto e um "estás bem?" de tempos a tempos.
(...)
Soube que estava à espera do L. quando íamos a atravessar a estrada depois de mais um dia daqueles. Recordo o dia gracioso em que fomos à farmácia e ela encheu-se de coragem para dizer: "eu estou grávida". Foi precioso.
Foi uma gravidez light. "Santa", diria. Sem problemas. O tempo passou a correr, embora ela dissesse "ainda falta...". Dizia muitas vezes "está crescido". E estava. Sonhei com ele várias vezes. Lindo de olhos cinzentos e expressões rechonchudas. Sempre o mesmo em sonhos.
No outro dia, fomos andar de comboio. Fruto de ideias de "cabeças de génio". Senti a mamã M. cansada e com medo. Senti-a tensa e preocupada. Como se o L. fosse nascer ali.
Tive o orgulho de ter sido quase a última a vê-la com aquela barriga gigante.
Fechou a porta do carro, e por entre o barulho ensurdecedor dos pássaros do Bairro "Chic", disse a medo: "até amanhã". O acordar já foi na maternidade. "não vou trabalhar", dizia ela :) Dei uma gargalhada enquanto estava no meio do trânsito. O L. estava aí. Fiquei tão feliz.
(...)
Já nasceu. Num dia importante, no dia da Nês. Vou guardar este dia. O L. vai finalmente conhecer o mundo e todos os que o mimaram durante todo este tempo. Vai conhecer as 1001 tias que tem e que o querem tanto como aos seus. E eu finalmente vou saber como é o L. O menino dos meus sonhos.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

A Nês fez anos


A Nês fez anos. Este ano foi bem diferente. Estávamos longe. Quase me senti triste. Queria dar-lhe um beijinho e puxar-lhe o cabelo como gosto de fazer, cada vez que lhe tento dizer "gosto de ti". Telefonei-lhe assim que pude e o boato "temos que ligar à Nês" circulava entre as amigas a toda a velocidade. Perguntei-lhe se estava tudo bem e o que ia fazer! Queria poder estar com ela para poder vê-la a arranjar-se durante horas, a atrasar-se pelo menos 1 hora para sair, a comer uma tacinha de cereais antes de ir para cama e vê-la "benzer-se" ao deitar. e um beijinho suave na mão em jeito de "benção".
Tenho saudades dela. Daquele jeito desajeitado. Da sua mania das dietas e produtos naturais. Do prato quase vazio e o copo cheio de água na mesa de cabeceira. São saudáveis estas saudades. Sei que estou feliz por ela e o medo da mudança já passou.
Sempre disse que a Nês é a minha consciência. Nada mudou desde aí. Tomei todas as decisões sempre com a sua palavra. Algumas não, é certo. Mas pelo menos "de consciência".
É verdade que já tínhamos passado um aniversário longe, quando estávamos em Erasmus. O ano passado não me lembro como foi...mas este ano foi de facto estranho. Comprámos a prenda. Sempre a pensar nela. dissémos vezes sem conta "dia 27 são os anos da Nês"...mas soube a saudade.
Mua Mua***
Ou como diz a Nês - Muah!

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Sol com cheiro a morangos

Foto: DR

Hoje sabe a Primavera. A fresco-doce do sol tímido. A quente de esplanada e de manga curta. Cheira a morangos, cerejas, melão e melancia. A fins-de-semana no jardim. A alegria de viver e a rua. Apetece dar longas caminhadas, de sabrinas, sem meias, e de cabelo apanhado. Faz querer fechar os olhos, dar a mão e seguir para Belém.

Hoje sabe a novos sorrisos. A outras texturas e a janelas abertas. A piqueniques. Já sabe bem andar descalça em casa, beber sumo de laranja natural de palhinha e partilhar um gelado, sem colher. Cheira a Lisboa primaveril, a flores e outros aromas melosos.

É hora de largar as golas altas, as botas de pêlo, o capuz e os casacos grossos. E de dançar ao ar livre, numa noite sem nuvens, só com estrelas.
Gosto dos dias assim. Em que o céu é daquele azul-dos-lápis-de-cor e em que só apetece vestir branco...

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Dia dos amantes


Prefiro chamar-lhe assim. O dia daqueles que se amam ou dos que, pelo menos, têm amor para dar. Chamar-lhe 'Dia dos Namorados' é demasiado restrito. Afinal de contas todos temos algo a dar. Somos como uma rosa vermelha. Agradáveis ao olhar. Com aquele aroma. Com uma camada fina se sentimentos futéis e outros bem escondidos entre as pétalas mais jovens. Temos espinhos. E algumas gotas de orvalho. Somos rosas vermelhas. Ao toque, ao olhar. Todos queremos uma rosa neste dia. Porque amamos, porque desejamos, porque temos alguém ou porque sim, simplesmente.


Eu recebi uma. Pelas mãos de outrém. Senti-me rosa. Com aroma a 'namorados'. Um elogio ao 'bem-querer' e ao sabor a saudade. Senti-me rosa com cor de 'amante'. Com a cor com que quero pintar a tela da minha vida.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

O Z.


Falámos depois de muito tempo. Concedeu-me um 'olá' tímido e uma explicação arrojada. Os tempos mudam e as pessoas desiludem. Li com a atenção devida as entrelinhas que me escrevia. Revia-me em cada letra e assenti num gesto discreto. Foi sincero e mais que duro. Sabia de cor todos os ensinamentos. falava com autoridade e com a amargura de quem não quer ver. Está feliz, e é isso que importa. na verdade, foi o que sempre quis.


Foi, de facto, uma pessoa importante. deveras importante. Depositei nele o modelo que nunca havia encontrado e moldei a ele a imagem que tinha de principe encantado. Ríamos muito. Fazíamos inúmeras descobertas, aquele lugar, aquele sabor. Ríamos muito. Gostávamos da mesma música e do mesmo tipo de roupa. Um dia ofereceu-me um segredo e eu dei-lhe a mão, ingénua. Sempre pensei que conseguia ir com ele até ao fim do mundo. deixei-me ficar e perdi-me. fiz tudo errado, confesso. Não me arrependo, também é verdade. sabia que não.


Melhor assim, tu para um lado, eu para outro. Tive dias dificeis, ao querer partilhar com ele o bonito que era o quadro que tinha visto ontem, como era delicioso o muffin do café da esquina, como fazia frio naquela noite. E coisas maiores, até. Com a importância devida, para uns ouvidos que sempre me ouviram.


Lembro-me do dia em que olhei para ele com outros olhos. Foi no largo da Estrela. Íamos jantar. daí à cumplicidade foi um ápice. combinámos coisas, num sem fim. Foi bom. Demasiado bom para um 'reset'.


Tive de me habituar à ideia. Desapareceu. de um dia para o outro. cheguei a pensar o pior. Liguei e voltei a ligar. do outro lado, nada. E foi assim o final da nossa história. desagradável. com mágoa, como nunca quis. Nada aconteceu como eu queria. De nada adiantou a persistência e ínumeras explicações. Não me adiantou explicar. Fica para depois. Quando o tempo levar o dissabor do 'desamor' e conquistar o encanto do verdadeiro amor.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Tonta.


Significado. Tem de haver um. Sempre. Senão a vida esvai-se em vapor e é sugada pelos ralos que estão espalhados no mundo, na sociedade. Não falo de significado para viver. Mas do significado da vida, não enquanto contrário de morte, antes como motor do corpo que movemos, combustível do cérebro que carregamos e essência daquilo que nos faz ser humanos. Respirar não basta. Não me basta. E, no entanto, dou por mim muitas vezes a passar os dias nesses estádio anestesiado - e anestesiante. É como ter asas e não querer voar. Fico presa aos mecanismos básicos de sobrevivência. Existe algo mais fútil?

Preciso de lutar por aquilo que vale a pena. Por mim. Para mim. No outro dia dei comigo a pensar, de nariz encostado ao vidro do 727, que há muito deixei de pensar no objectivo que me faz acordar todos os dias de manhã e querer aproveitar todos os minutos com sede de experimentar, observar, aprender e saborear, como acontecia num antes que agora não sei precisar. Preciso questionar o significado desta vida adulta, no OJE, e da profissão de jornalista. Às tantas pergunto: onde estou? para onde vou? e, sobretudo, para quê?

Afinal, o que estou eu a dar de mim naquilo que faço todos os dias? Nada, concluo. E as razões fazem fila, lideradas pela motivação. A mais fácil de ir resgatar ao molho. Falta-me paixão. Aquela que nos faz mover nos mais duros trilhos e encruzilhadas. É a maior força de um profissional, julgo. A paixão. É essa a mais-valia.

Já pensei que estou na área errada. Que não fui feita para o jornalismo. Ou que o jornalismo não foi feito para mim. Já pensei que sou má jornalista. E que nem sequer sou uma peça importante no jogo. Deve ser isto a que chamam desilusão. Custa-me sempre dizer esta palavra, porque a verdade é que não sou pessoa de criar grandes expectativas. Até levei bastante a sério o que disse o professor Nelson Traquina na primeira aula de Teoria da Notícias: "o jornalismo não é o que vocês pensam. Não é cor-de-rosa. Esqueçam esse romantismo", ou algo deste género. Foi a esta ideia que me agarrei. Mas parece que não bastou. Ou então, iludi-me a mim mesma. Falta-me encontrar o tal significado. A ignição está algures aí. Eu sei. Sinto que não pode ser apenas isto. Há algo mais. Tem de haver.

Em tom de desabafo, fazia eu hoje este mesmo discurso à pessoa que mais me tem inspirado na profissão, e de repente percebi. Estava a fazer tudo mal. Procurava no sítio errado. Entrei numa cegueira tal que me impediu de ver o óbvio e me fez esquecer o que já nascemos a aprender.

A busca é interior. Tem de partir de dentro. De mim. Para mim. Como pude arquivar este trunfo que é tão valioso e instintivo ao mesmo tempo? Agora que me lembro, aconselhei vários amigos e amigas a fazer sempre isto, a seguir sempre esta via: a interior. Como no budismo. Tudo o que queremos alcançar, está dentro de nós - nós somos a chave, o caminho e a solução.

Nunca poderei encontrar a paixão no exterior, nos outros. Nos seus elogios e palavras de coragem. Não, se não a tiver encontrado já em mim. É aqui que tenho falhado. Que tonta.

Afinal a desilusão é minha. É comigo. É tão mais fácil culpar os outros que nem sequer paramos um pouco para analisar o raciocínio. Caímos sempre na rasteira de passar a bola para o outro lado, onde não nos podem responsabilizar.

Perdi-me neste caminho. Se calhar até sou boa jornalista (profissional, como alguém me lembrou). E talvez o jornalismo seja mesmo a profissão pela qual me apaixonei. Só preciso de encontrar isso dentro de mim. Confiar em mim e acreditar que vale a pena lutar. Por mim.
Que tonta!

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

... e o meu MP3 sussurrava:

Foto: DR/Le Cool

I've crossed the deserts for miles, swam water for time
Searching places to find
A piece of something to call mine
(I'm comin', I'm comin')
A piece of something to call mine
(I'm comin', comin' closer to you)

Ran along many moors, walked through many doors
The place where I wanna be
Is the place I can call mine
(I'm comin', I'm comin')
Is the place I can call mine
(I'm comin', comin' closer to you)

I'm movin', I'm comin'
Can you hear what I hear?
It's calling you my dear, out of reach
(Take me to the beach)
I can hear it calling you
I'm comin', not drowning, swimming closer to you

Never been here before
I'm intrigued, I'm unsure
I'm searching for more
I've got something that's all mine
I've got something that's all mine

Take me somewhere I can breathe, I've got so much to see
This is where I wanna be
In a place I can call mine
In a place I can call mine

I'm movin', I'm comin'
Can you hear what I hear?
It's calling you my dear, out of reach
(Take me to the beach)
I can hear it calling you
'm comin', not drowning, swimming closer to you

Movin', comin', can you hear what I hear?
(Hear it out of reach)
I hear it calling you
Swimming closer to you

Many faces I have seen
Many places I have been
Walked deserts, swam shores (coming closer to you)
Many faces I have known
Many ways in which I've grown
Moving closer on my own (coming closer to you)


All Saints - Pure Shores

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Este blog

Começou por ser uma meia dúzia de linhas inspiradas, fruto da saudade que sabíamos sentir em Erasmus. Começou por ser alimentado desde Bilbao, Bélgica, Barcelona. Começou por ser uma boa ideia. Quantas vezes me senti sozinha na cidade dos encantos e estas linhas colmataram a falta que sentia de vocês. Era bom saber que a Kikas se divertia no Beketts´s, que a Nês estava feliz com a visita dos pais e melhor ainda era saber que os demais sabiam de nós.
De tempos a tempos, relia-o. Vezes sem conta. Uma amizade mais do que bonita. Fiel às palavras. Às nossas palavras. Os posts enigmáticos eram (e são) divertidos. Quase sempre adivinhávamos as entre linhas. Ficou conhecido pelo 'baba'. Quase nunca ninguém soube ler o B. A. BA do Erasmus, de forma correcta.
Quando regressámos dos nossos mundos, encontrámo-nos, quase de propósito, no aeroporto. Não vamos acabar com o blog, prometemos. Mudámos o nome para B. A. BA pós FCSH. Deixámos a faculdade, os corredores e os apontamentos. Não mais frequências, trabalhos de grupo, concertos da tuna ou almoços no bar. Crescemos. Mudámos as cores e até o design, uma reestruturação necessária. Um Refresh, para os mais entendidos. Um lifting de sentimentos e propósitos.
Neste blog juntámos experiências. Brincámos. Chorámos e partilhámos segredos. Na maioria das vezes escrevemos sobre aquilo que nos faz feliz ou tristes. Parece sempre que não estamos a escrever sobre nada. Ousamos nas metáforas e nos eufemismos. Dizem os fãs que os posts são demasiado verdadeiros.
Julgo ser uma boa parte de mim e de nós. É certo que a Nês não escreve muito. Pouco se ouve dela. Estrelinha e Kikas são as primeiras do Ranking. Talvez porque nos é inato. Digamos que é a nossa veia jornalístico-descritiva a vir ao de cima. Por alguma razão a Nês seguiu Marketing.
Já não me recordo do dia em que este blog recebeu o primeiro post. Confesso que já não me lembro de ter escrito a maioria deles. Existem até alguns que agora me apetecia apagar. Não é o mais correcto, eu sei. Vou deixá-los em arquivo. Uma atitude adulta. Não é um msn, nem muito menos um Hi5. Longe disso. Também não é blog de crítica ou sátira. É um blog de sentimentos, não de lamexices, leia-se.
Gosto. Gosto muito. Deste blog. O nosso, tão nosso.

Hoje o meu rádio tocava...

Jura que não vais ter uma aventura
Dessas que acontecem numa altura
E depois se desvanecem
Sem lembrança boa ou má
E por isso mesmo se esquecem

Jura que se tiveres uma aventura
Vais contar uma mentira
Com cuidado e com ternura
Vais fazer uma pintura
Com uma tinta qualquer
Que o ciúme é queimadura
Que faz o coração sofrer

Jura que não vais ter uma aventura
Porque eu hei-de estar sempre à altura
De saber
Que a solidão é dura
E o amor é uma fervura
Que a saudade não segura
E a razão não serena

Mas jura que se tiver de ser
Ao menos que valha a pena

(Rui Veloso)