quarta-feira, 21 de julho de 2010

As pessoas importantes.

terça-feira, 20 de julho de 2010

A terra do nunca.

Não sou muito de usar o B.A.BA para desabafos do quotidiano, mas desta vez acho que o tema merece: Fátima. Sim, Fátima, ali a 15Km de Minde.
Fátima, depois de três anos a caminhar para lá todos os dias no autocarro do Sr. Jorge, sempre foi a terra que me separava dos amigos do Arrabal e a terra do dentista. Só isto. Longe estão as crenças nos milagres e nas pétalas de rosa a cair pelo caminho. Afinal, de milagre aquela terra tem pouco. O único milagre que ali existe é as pessoas voltarem lá depois de uma primeira vez. Quando se chega a Fátima, quer de um lado, quer de outro, a vista é, e sempre foi, te-ne-bro-sa. Uma rotunda banhada a musgo e relva mal cortada dá as boas-vindas a quem faz quilómetros a pé por causa das "crenças" (isto dito com todo o respeito que possa haver pela Fé). Depois da rotunda, existe uma série de prédios descaracterizados e meia dúzia de cafés com os toldos a cair de podre. Se o turista perguntar onde se pode lanchar, mais vale dizer - "em Leiria, amigo". Isto porque ali, a qualidade é abaixo da média. Os bolos por norma são de ontem e sumos frescos, só de lata. A oferta da restauração é, de facto, péssima (à excepção do Tia Alice e do Sabores do Museu, claro). Aqueles menus escritos a giz à porta do Santuário tiram a fome a qualquer um. Da restauração -1 à hotelaria breja vai um pulinho. Em Fátima, talvez a única coisinha decente que existe é a Estalagem D. Gonçalo que conseguiu resistir à decadência e agora até tem Spa. Depois do "bom" só existe o péssimo: estalagens, residenciais e casinhas de freiras. Tudo com um aspecto medonho, a puxar mesmo ao espirito do sacrifício. Hotel com estacionamento decente, jardim e sem cheiro a mofo é mentira. Ora não se come bem, não se dorme bem. Ir às compras em Fátima também é um verdadeiro desafio. Entre um terço de 10 euros e um santo ferrugento de 15, venha o D. e escolha! Pois a verdade é que dali só sai de bolsos vazios quem quer (a não ser que tenha netinhos muito altos e tenha gasto os euros todos nas velas das promessas!). Lojas com uma montra decente...uuiii...é preciso procurar muito bem. Lojas decentes resumem-se à esquina da Rua de Santo Agostinho - Ponto Negro, Mano e a Loja do mano da Carolina (que agora não me lembro o nome). De resto, todos os euros podem ser mal gastos em santos, santinhos, estátuas, bíblias, terços, porta-chaves que brilham no escuro, bonés de pala gigante ou até em água benta da torneira. A oferta varia no cheiro a mofo e no preço. Tudo é sempre do melhor e sagrado. Bem...então se vale a pena fazer tantos quilómetros até Fátima é porque as estradas são boas...? desenganem-se os mais crentes. A estrada até Fátima é um verdadeiro calvário. Estrada boa é aquela que vai desde santuário até à capelinha para os que vão de joelhos a pagar promessas. De Minde até lá já existiram múltiplas versões: ora com muitos buracos nas bermas, capazes de engolir o comboio dos turistas; ora com muitos buracos a meio, capazes de destruir um Hummer; ora com buracos cobertos de água, capazes de dar um banho a uma peregrinação inteira. A última versão, a propósito da vinda do Papa, foi talvez a melhorzinha - lombas gigantes, autênticas rampas de lançamento, ideais para a marcha de emergência das ambulâncias de apoio aos peregrinos. Não me ocorre outra ideia. Isto porquê? Porque até lá está tudo escuro. Ora, um peregrino levanta-se às 4h00 da manhã para estar em Fátima às 9h00 (para poder assistir à missa) e o que é vai encontrar? o que dizem as escrituras - a luz ao fundo do túnel. Isto depois de 10 quilometros sem luz, assistência ou bermas. O ideal para quem vai em espirito de missão. Aos que se aventuram a prestar assistência aos que vêm de longe, o melhor mesmo é pedir apoio à farmácia local, porque dali assistência médica e medicamentos é coisa que escasseia. "O quê alergia ao sol? bolhas nos pés? Contusões?" "Isso é para meninos!". Do outro lado, para quem vem de Leiria o cenário é um bocadinho mais animador não fosse a Loureira completar 400 anos e haver flores de papel em tudo quanto é jardim!
"Então se eu vou a Fátima e não tenho sitio para lanchar, nem para dormir, nem estrada para andar, sempre posso ir ao supermercado e fazer um piquenique?!" Arrisque, quem quiser. Supermercados ali é o que não falta. Há o pingo doce e fechou a loja. Minde que é Minde, terra de nenhures, até vai ter um Ecomarché. Fátima, que não recebe ninguém durante o ano, tem o pingo doce (isto, não tirando a consideração que tenho por esta cadeia). Para quem consegue chegar até ao pingo doce pelo cheiro (porque sinaléctica naquela terra é mentira) o próximo desafio é encontrar um sitio para piquenicar. Pois que não há. Ou se come sandes de presunto e pó ou então não há nada para ninguém. E não vale a pena perguntar no posto de turismo, porque neste momento serve de rotunda para os carros que não conseguem estacionar na berma da rua principal. Parques verdes para as familias crentes, só se for em milagres, porque para além do parque das merendas na A1, a oferta não é muito. Talvez o melhor mesmo seja para aí antes de pagar a portagem. Ou então deixar lá o carro, porque estacionamento naquela terra também é coisa que não se esbanja. Ou está ocupado por autocarros de turistas que ainda-não-sabem-para o que- vêm ou então por viaturas dos locais que acham que podem tudo. Mas também não há grande hipotese! que tal distruirem os 50 "pseudo shoppings" e fazer um estacionamento digno?! E por falar em autocarro, todo este desabafo foi despoletado pela cena mais caricata que vivi ali nos últimos tempos - no terminal da rede Expresso. "Mas há um terminal da rede Expressos, em Fátima?", perguntam os mais atentos. Eu diria que a designação "Terminal" é a mais adequado sim porque com aquilo Fátima bateu mesmo no fundo! Mais uma vez aqui sinaléctica é mentira! Turistas, familiares e amigos que venham de Expresso - desenrasquem-se!!! Talvez o melhor é perguntar onde é a sapataria Mano e descer a rua. Ah esperem, mas a passadeira é do lado contrário, têm de dar mais uma voltinha. Ah! mas trazem muita bagagem? Não faz mal que a estrada nem sequer tem berma! Depois de conseguirem chegar àquele edificio que parece uma casa de alterne com um restaurante abandonado podem comprar o bilhete para outro destino bem longe dali! Comprar qualquer coisa para comer, lá no café, esqueçam, ainda se arriscam a apanhar uma virose e dúvido que tenham kit de primeiros socorros. O melhor mesmo é ficarem no vosso canto à espera do bus! Ah esperem, mas agora já existe uma sala de espera!? é verdade, é tão fria e cinzenta que se não soubesse dizia que a Nossa Senhora não tinha passado por ali! Tem cerca de 30 lugares e dá acesso directo às casas de banho (de há dois anos a esta parte já não são daquelas com um buraco no chão, já têm sanita e tudo, um luxo divino!). Mas lamentamos a quem venho depois das 20h00...
Tudo aconteceu no sábado, quando pus as minhas convicções de lado e comprei o bilhete para Lisboa em Fátima. A espera para a chegada do autocarro pareceu-me eterna, quase que dormia quando o Sr. da bilheteira expulsou toda a gente da sala de espera, na sua maioria turistas e crianças com idades inferiores a 5 anos. na rua esperava-nos "no sits" e um frio de bater o dente, o que para as crianças não era mau de todo! constipação sagrada! Nos 40 minutos que esperámos pelo autocarro que chegou atrasado, à boa maneira tuga, várias foram as pessoas (do sexo masculino) que puderam fazer xixi ali no canto! Ora o terminal já tinha fechado, WC esqueçam! Agora aguentas até Bragança se for esse o destino! Há cá maneira melhor de receber um turista apertado para fazer xixi? "Ah então se não aqui vou ao café ali do lado!", pensam os mais crédulos! Qual café, homem?! Deve ter sido uma miragem!
De miragem é que a nova Basílica não tem nada, aquela masmarracho ali no meio da cidade (sim porque Fátima é cidade não é? Não passa despercebida. também as horas que se perdem ali naquela passadeira junto à entrada da masmorra dão para reparar em todos os pormenores, menos no Santuário propriamente dito que ficou completamente tapado por aquele monstro de cimento. Queriam imitar Lourdes? Ainda têm muito que palmilhar! Para quem não gosta de Museus Extra-Large, pode sempre dar um saltinho ao museu de cera (esquecam lá o Madame Tussauds) ou ao museu da vida de cristo. Interessantissimo, principalmente se quiserem comprar um santinho acima do preço normal! Ah não sabem onde fica? Não percam tempo à procura de indicações, mais vale perguntar a esse senhor que vos está a tentar impingir um cozido a portuguesa enquanto vocês tentam rezar uma Avé Maria!
Bem...sem cafés, sem supermercados, sem lojas, sem estradas, sem autocarros...a única coisa que nos vale é a fé. A fé de que algum dia vão fazer uma passagem aérea entre o Santuário e o Recinto, que vão construir um parque de estacionamento e um jardim, que vão pelo menos por uma placa a indicar qual a direcção da Basílica à saída do Terminal de Expressos e de que talvez possam deitar tudo a baixo, realojar as pessoas e mudar o nome de Fátima para Terra do Nunca.
Porque nunca vi nada assim!

terça-feira, 13 de julho de 2010

Para a frente.

A L. dizia há pouco em tom perdido "deve haver, de certeza, uma maneira de contornar o futuro", enquanto recordava um episódio da série Flashfoward. Fiquei a pensar nesta e em tantas outras ideias soltas que me têm assaltado esta semana. Na verdade, nunca quis contrariar o futuro. Apenas me tenho agarrado demasiado ao passado. Histórias antigas e resistência à mudança têm andado lado a lado. De quando em quando, vou recuperar personagens de outrora e volto a escrever-lhes uma história. Facilmente lhes (re)atribuio um papel e sem dar conta lá está de novo aquela personagem a viver na minha vida. Tem sido sempre assim. Com este jeito desajeitado, tenho caminhado para o futuro. Entre histórias mal contadas, mal acabadas e até por acontecer. Uma espécie de carrossel. Cheio de personagens diferentes, mas sempre com a mesma volta. Não tenho feito grande esforço para que isto mude, é verdade. Sempre que a mudança espreita - não lhe falo. E com isto vou adiando, adiando.
Porque é que não vais viver para Barcelona já? Porque quero aproveitar a minha casa, ainda. Porque é que não mudas de trabalho agora? Porque agora não é o timing certo. Porque é que não esqueces isso de uma vez por todas? Porque ainda não é altura de esquecer. Porque é que não começas a treinar já? Porque ainda é cedo.

A verdade, é que tenho adiado muitas vezes as decisões de agora, do já e do amanhã. Sempre com receio de que o ontem não tenha terminado ainda. Não tenho dado lugar às coisas e às histórias. E oiço pouco as vozes sábias e visionárias.

Desta vez saí do carrossel. E deixei que uma história de ontem me empurrasse para a frente. Afinal este é meio caminho andado para que o carrossel pare.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Porque sim.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Frase do dia

O futuro, se de facto já estiver escrito, ainda não está contado. Podemos sempre contá-lo à nossa maneira e termos a palavra final.


* Há dias em que gosto de pensar que "o que tiver que ser vai ser". Mas há outros em que gosto de pensar que somos bem mais do que meros espectadores do filme em que os protagonistas somos nós.

domingo, 4 de julho de 2010

Obrigada.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Os silêncios são incómodos.

Deixei de ver o brilho nos olhos quando o silêncio incómodo se apoderou daquele momento. Que existe e dói. As justificações mal elaboradas cruzaram-se com os gestos menos perfeitos. Ora cruza a perna, ora alinha os talheres, ora olha para o telemóvel, ora fixa o olhar na minha mente. Parece que me lê os pensamentos e traduz em palavras duras – “és adulta, tens de tomar uma decisão e levá-la até ao fim”. Tão verdade que dói. Mas o ser adulta não é desculpa para o maior dos pecados. Custa perder quando não se começou. Custa ver o castelo a ruir antes de atravessar a ponte.
Entendi. Os silêncios são incómodos.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Nova fase

Aos 26 já pinto o cabelo para disfarçar as brancas e já penso em tratamentos para a celulite...
M-E-D-O.