terça-feira, 30 de setembro de 2008

Final Feliz.

Conhecemo-nos talvez há mais de uma década. Dito isto desta maneira soa a amizade de longa data. Na verdade são 12 anos. É certo que os primeiros tempos foram de criança, de disputa pelo mesmo namorado e cura da mesma paixão.

Sempre a olhei com carinho até no dia em que quase lhe espetei a mão na cara, por uma birra de adolescentes apaixonadas. Era a minha amiga das "Moitas", ainda hoje é. Começámos este "namoro" ainda ela morava no centro da vila, numa casa com paredes forradas a papel garrido. Tinha um beliche e vestia o 32. O cabelo era farto e indomável, queixava-se de não conseguir fazer nada com ele. Usava e usa All Star. Sempre foi uma miuda de ideias, forçada a crescer pela vida. A mãe fazia deliciosas tartes de amêndoa nos finais de tarde de escola e o pai separou-a de mim aquando a ida para o secundário. Não me esqueço. Trocámos de escola, namorados, números de telefone e morada.


Desde cedo trocámos valores. Encadernávamos juntas livros de escola para ganhar uns trocos para nada. Os amigos do secundário, esses, perderam-se no tempo e não restaram amizades em comum. Conheci-lhe histórias difíceis, lutas para as quais não podia contribuir a não ser com a minha presença muito de vez em quando. Separações, distâncias à parte. NUNCA nos separámos. De tempos a tempos fazíamos updates. Crescemos a comprar roupas diferentes, ela porque finalmente passou a vestir o 34 e eu porque gosto de ter 1001 coisas dentro do armário. Ela detesta cetim e roxo. E eu continuo a mostrar-lhe as roupas estranhas que acabei de comprar! Rimos sempre. Com as piadas dos outros e com as nossas memórias.


Hoje estou tão feliz por ela que me apeteceu partilhar. E escrever algumas linhas sobre esta amizade que nunca deixámos cair. Crescemos, é certo. E connosco esta magia que o tempo não desvendou. Ela continua a acreditar na Sininho. E que na Wendy. Talvez tenham sido os sonhos que nos tenham trazido até aqui. A esta terra onde a amizade nunca acaba.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Última página.


Ontem acabei de ler a minha "bíblia", como todos lhe chamavam. Aquele grosso livro de capa preta, dura, foi arrumado na prateleira da estante, junto aos "já lidos".

Foi quase por impulso que comprei o Shantaram. Li uma crítica do livro no suplemento do Público e fiquei muito curiosa. Encomendei-o pela net. Foi a minha primeira experiência de online shop (sem contar com os bilhetes de avião) e correu bem.

Passadas duas semanas, lá estava o senhor dos CTT a tocar à campainha da minha nova casa e a entregar-me em mãos aquele pesado pacote. Aconteceu em Fevereiro, julgo, um mês depois de me ter mudado. Casa nova, romance novo. Sete meses depois, sentada no 727 a caminho de casa, fecho pela última vez a grossa capa do Shantaram.

A viagem que me proporcionou foi longa. Não intensa - porque não me identifiquei com a personagem, o escritor - mas enriquecedora. Viajei pela Índia, pelos indianos pobres, pela máfia do tráfico de passaportes, divisas, ouro...viajei pela prisão e as suas torturas, por uma qualquer guerra no Afeganistão, pelas ressacas da heroína, assassinos, uma história de amor.

O escritor, Gregory David Roberts, demorou 13 anos a escrevê-lo. E, conta, com muita dificuldade. Teve para desistir várias vezes. Na prisão, o frio enregelava-lhe os dedos e esmorecia a motivação. As páginas perderam-se, outras ficaram manchadas pelo próprio sangue. Mas manteve-se firme. Conseguiu.

Dia 16 vou embarcar com outro destino: Barcelona. Pela mão de Zafón. E aí sim, vou mergulhar a minha vida naquelas letras como se não houvesse amanhã. Tenho a certeza.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Sex & the City in Oporto


As amigas vêm ao Porto.
E eu estou toda contente :)

domingo, 21 de setembro de 2008

Até já.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Saudades (parte II)

Como estou numa de saudades, não resisto a referir as saudades que tenho do CEF, onde passei muitos mas mesmo muitos bons momentos. Foi lá que conheci grandes amigos, foi durante esses anos que aprendi o b.a.ba. de muitas coisas.

- principalmente, sinto falta das pessoas que conheci lá;
- da minha turma do secundário, da turma de desporto e dos anos do secundário, sem dúvida, os melhores que lá passei;
- do atha (nunca tentei escrever este som) que eu e a Ana inventámos;
- do "estas escadas inspiram-me" e do "patati" do Gil;
- das maluqueiras daquela turma;
- da cara de sono da Cláudia pela manhã, da alegria doida da Bértolo, do companheirismo do Marco, da Carolina e o seu jeito de princesa, das gargalhadas da Vânia, da Katrina que me chamava Né, das piadas do Igor com a Cacilda, da Gui, da Marinha e do espírito bom da turma de desporto, da Sofia e do seu "tiroteio" (...);
- das maluqueiras e disparates diários do nosso grupo, que às vezes me fazem tanta falta;
- de comunicar com a Ana sem falar;
- das viagens no bus do sr. Abílio, que tantas aturou;
- de me sentir leve como uma pena, da espontaneidade e da alegria (quase) permanente;
- de escrever recados no caderno durante a aula;
- de alguns professores;
- das festas e das viagens do CEF;
- de ter uma cintura de 60cm e um rabo "no ponto" (lol);
- de mim naquele tempo
- ...

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Saudades (parte 1)

Tenho saudades de várias coisas, muitas vezes... E hoje, ao contrário da maioria dos dias, apetece-me dizê-lo.

De Lx tenho saudades:
- da casa das olaias, do solar, como outrora lhe chamou o Filipe, que durante anos considerei um verdadeiro lar. De acordar de manhã com a boa disposição da Ana, de ver o Pepa ensonado e o Romeu a ralhar com o fogão. De dar nomes aos electrodomésticos com a Ana, de a ouvir a dizer "isto tem pós";
- da Av. de Berna, da Faculdade e dos amigos que fiz lá (Carolina, Laura, Nekas, Catarina, Ju, Marina, Esteves, Guru, Filipão e tantos outros);
- do Ahhh da Carolina, do seu jeito despachado e da energia que ela põe nas coisas;
- da Laura, os caracóis dela, de a ver com os seus milhentos acessórios e de a ouvir dizer "miga, encontrei o casaco/mala/vestido/... da minha vida"
- dos jantares e das saídas em grupo. Deveriam ter saido mais;
- dos jantares das amigas durante a semana e todos os meses sem falha alguma;
- das amigas dormirem juntas e partilharem segredos antes de adormecer;
- de chegar a casa cedo ou pelo sair da faculdade ou da AC e ainda apanhar lojas abertas;
- do tempo que tinha livre para ir ao cinema, às compras e passear;
- de poder faltar
- de ir às compras com as amigas e experimentar tudo o que apetece. Dizer e ouvir "fica bem" ou "esse não, experimenta este"
- das colegas da AC que valem a pena;
- do calor e do tempo mais constante
- ...

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Vazio.

Estes últimos dias têem sido isso mesmo - vazio. Em jeito de desabafo misturo sentimentos e devolvo gestos pouco afáveis. Os dias quentes de verão terminam, por entre vendavais de um outono pouco pronunciado. A rotina trabalho - casa, aos poucos, cria-me uma espécie de revolta pacata. A hipocrisia no trabalho revolta-me mais. Os dias abafados e sós fazem-me menos resistente do que aparento e só há lugar para o cansaço e cinzento. As conversas de corredor distraem-me. Mas o pouco tempo que me sobra não chega.
Para mim sobram talvez duas horas. Neste dia de 24. Entre o chegar a casa, cumprir as tarefas e até pensar um pouco nas escolhas que fiz, sobra-me pouco tempo. Faz-me falta aquele abraço ao final do dia, como quem susurra - "está tudo bem". Não há lugar para tristezas, é certo. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. Apetece-me largar tudo e começar do zero. Dos tempos em que apanhava o 56 até à av. de berna. conhecer de novo aquelas pessoas e lugares e de alguma forma alterar o rumo das coisas. Fosse isso possível, não estava aqui. Dali não guardo muito, mas o essencial: as amigas.
Mas agora já nem existem jantares das amigas! parece que de repente deixaram de ter segredos para partilhar ou ter vontade para o fazer. aos poucos desvendamos o previsível e já nenhuma delas pergunta: quando vai ser o próximo? deixo essa questão para as noites bem dormidas para que não perca o sono. Os umbigos são cada vez maiores e sem nos darmos conta cada uma cresce à sua maneira. Ou porque já tem programa, ou porque estava ocupada ou até porque não consegue abrir a porta com uma mão apenas. O "olá" do outro lado parece desinteressado e talvez por isso começe a achar que se perdeu o encanto das amigas. Sem surpresas damo-nos conta que nada mais há a acrescentar. Parece que a Nês é que tem razão cada vez que diz "está tudo bem...".
Não está nada bem quando penso que eliminei do calendário o aniversário da minha mãe e de tantas vezes que repassei as datas 6/7 setembro nunca me lembrei que fazia anos. Alguma coisa de errado mora em mim. Senti-me mais pequena que nunca por me ter esquecido. por nem sequer ter pensado numa prenda ou numa surpresa. senti-me a pior deste mundo e do outro. mas já passou. as auto-criticas chegaram para me lembrar. e para me deixar este vazio. que o silêncio do outro lado não ajuda a colmatar.