quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Here I go again.


Borboletas na barriga, ansiedade, receio, sonhos, expectativas, unhas roídas...se bem me lembro, foi assim que entrei pela primeira vez no Colégio Vasco da Gama, no meu primeiríssimo dia de aulas, na 1ª classe. Fui criada pela minha avó até tarde. Só aos seis anos me confrontei com uma escola e uma turma de amiguinhos. Até aí, as primas eram as colegas e a avó São a professora, que me mandava comer sempre mais.

Quase vinte anos depois, o estado é o mesmo quando me preparo para ter uma nova turma e uma nova escola, agora longe de casa. Com todo o conhecimento e experiência que acumulei, deveria ser diferente. Mas a verdade é que as borboletas continuam a voar até não sentir fome durante horas, e as unhas voltam a ser roídas, mesmo com verniz, e as expectativas oscilam de um lado para o outro, apesar de nunca gostar de as elevar demasiado alto...não há nada a fazer.

Depois de um Erasmus intenso, já não existe choque. Estamos mentalmente preparadas seja para o que for, depois de seis meses fora do lar. Mas uma nova escola é sempre uma nova escola. Ainda para mais quando se deixou essas lides há quase três anos. Voltar ao hábito das aulas, apontamentos, professores, trabalhos e testes mete um pouquinho de medo. Um medo saudável, bom até. Portanto, sim, o receio também cá mora.

Here I go again...a começar do zero: aprender a falar espanhol, aprender a fazer novos amigos, aprender a amar uma cidade (que já me cativou), aprender sozinha, aprender a conviver numa casa estranha, aprender a lidar com as saudades, aprender a viver noutro país, aprender a partilhar...

É mais um daqueles desafios. Daqueles que serão para a vida. Daqueles que nunca me arrependerei. Daqueles que não encontrarei palavras para o descrever. Por isso, não há tempo a perder.

Madrid, aqui me tens!

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

The time is now.

Os leitores mais atentos e os seguidores mais fiéis do blog deverão ter-se questionado o porquê da introdução da palavra "Madrid" no lema do renascido B.A.BA, agora tão simplesmente B.A.BA, mesmo por baixo do título. Não foi por acaso, não, que entre Lisboa e o Porto, o Mar e o Mundo, Bélgica e Barcelona, Bilbao e Amigas, surgiu a capital espanhola. Foi uma decisão ponderada e estratégica. Um prenúncio de um futuro agora tão, tão próximo. Quase tão ponderada como a minha decisão de ir quatro meses para Madrid.

Vou para Madrid. Essa é a mais recente notícia do meu mundo, que muitos já sabem. Espera-me uma pós-graduação. Um curso sobre o qual pensei muito até que a certeza de que não poderia adiar mais tomou conta de mim e não mais me largou. Coolhunting, essa emergente profissão que me fez brilhar os olhos. Moda, essa realidade que sempre me fascinou e à qual eu desejei fazer parte, mas muito longe da futilidade que lhe está associada. Farei uma pós-graduação em Coolhunting: Análise e Investigação de Tendências de Moda.

O desconhecido está de novo à minha frente, tão luzidio como uma pérola no fundo do mar. À sua volta, uma aura intensa de um misto de sentimentos que se resumem, no final, a um estômago embrulhado e uma retida avalanche de emoções. Se o olhar me traísse mais...

A nostalgia e a ansiedade já deram as mãos e se agarraram a mim estilo lapa. O cansaço já me pregou a rasteira inesperada. Já estou pronta para as inevitáveis choradeiras, tão ridículas depois de racionalizado o momento.

Já fiz as malas, o calendário, a agenda e as despedidas. Sábado mudo-me.

Madrid é já ali. The time is now.

PS: Desejem-me SORTE!

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Coisas académicas


Sim fomos aos Açores. A Neolisipo levou o sonho até à terra das sete cidades. Para trás, nas sete colinas, deixou as desavenças, os desabafos e as incompatibilidades. E vestiu de branco e negro a paisagem verde da ilha de bruma. Cantou e encantou com o som subtil da amizade e união. Ouso dizer que foi isto mesmo que nos fez ganhar o que chamaram de tuna mais tuna. Sim, ganhámos pela criação de uma só voz e pela força das emoções à flor da pele. Cantámos ao estudante, ao sonhador, ao vinho, ao amor, ao povo, ao feitiço e ao amante. À rapariga, ao encontro, a Lisboa, às travessas e vielas desta cidade encantada que nos viu nascer e renascer, tantas e tantas vezes. Creio que desta vez renascemos para ficar e connosco a magia de podermos fazer mais e melhor. O orgulho de tuna mais tuna não nos cabe na alma. E talvez por isso todos nós trouxemos um sorriso no rosto. Aquele sorriso atravessado nos lábios cor de vinho e nos olhos cor de esperança. Porque fomos uma tuna a sério. Porque fomos grandes.

Iniciação, de Manuel Alegre.

Gostava de aprender a linguagem do peixe.
O recado do golfinho para o golfinho.

A fala da baleia.

Ou o grito da gaivota para a gaivita.

O som inarticulado de qualquer latido.
Ou o simples zumbido.
Ou o silêncio
carregado de sinais.

Talvez então o sentido primordial.
O ritmo inicial e iniciático do poema.

A batida do mar.
A batida do vento.

A batida da terra.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

O mesmo erro duas vezes.

Há quem acredite que o mesmo erro não se comete duas vezes. Pois que não é verdade. Prova disso, eu. É como que comer o primeiro bombom da caixa e cobiçar o segundo. Quando sorrateiramente pensamos já na delicia do próximo. É mesmo isto. Ou mesmo quando atravessamos a estrada fora da passadeira, repetindo este gesto vezes sem conta, mesmo sabendo que a passadeira está mesmo ali ao lado.

O risco do erro faz com que uma e outra vez tropecemos naquele disparate de sempre. As questões de personalidade não são para aqui chamadas. Muitas são as vezes em que dou a voz à consciência e nada resulta. O ímpeto de conseguir contornar o desastre com maior audácia que da última vez atrai todo o comum mortal. É como se uma boa dose de teimosia se apoderasse do que chamamos vontade e de repente - o mesmo erro pela segunda vez. E sabe tão melhor. E a queda é tão mais leve e absurda.

É com muita facilidade que me deixo cair no mesmo erro pela segunda vez. Uma e outra, como se nunca tivesse ouvido o final desta história. Confesso que quis conferir se o que diziam as vozes da sabedoria era mentira. Porque o erro não dá lugar à sabedoria, isso todos sabemos. A máxima de que "é com os erros que se aprende", só se for para aqueles erros singulares. Que começam e acabam em jeito de lição. Aquele que se repete é porque se gosta. Porque se gosta de cair e saborear o levantar, de colher os frutos amargos e degustar o doce da conquista.

E porque o que tem de ser tem muita força, não ouso dizer não a um bom erro. Daqueles que sabem tão, mas tão bem. Dores de consciência só para aqueles que não vêm a longo prazo. Sim , porque a longo prazo vou transformando o erro em causa e a causa em desdém e passo do erro ao mal-entendido. E aí entram as palavras que desvendam as entrelinhas e os olhares mais indiscretos.


"Não foi um erro, foi um mal-entendido" - soa tão bem. Este sim é um erro repetido. O Eufemismo.

É segredo...


O nosso maior segredo é como manter esta amizade por entre as encruzilhadas criadas pelos mais desbocados...Foi MÁGICO...