terça-feira, 5 de dezembro de 2006

Entre tu e eu

Dou por mim a ouvir aquela música dos Toranja: "Era eu a convencer te que gostas de mim...tu a convenceres me que não é bem assim, era eu tentar descobrir..lalalalala..." e penso: será que estou convencida ou foste tu que me convenceste? na verdade sou eu a convencer me que não é bem assim...e a tentar perceber o meu lado mais fundo, o que existe depois de mim , depois deste 'mim' que criei para um dia poder gostar de dum nós...depois de meia 'vida' dedicada a um nós que nunca existiu, foi levada pela enxurrada de uma paixão que depois do tudo, restou apenas pó..por cima dos armários onde guardei os sentimentos a sete chaves, pó por entre as memórias de uma história escrita a tinta permanente...pó a flutuar plo ar que passa por entre a brecha da porta que ainda deixaste aberta...pó mais pó...e ainda mais pó...é o que tenho entre as mãos, entre os dedos apenas me correm grãos de areia fina....como um contador de tempo, que teima em não parar...para um lado e para o outro como que um vai vém que nunca chegou a parar em lado nenhum. Pó e Areia. Como a areia do deserto que nunca mais acaba e pó como aquele que nos cega quando abrimos os olhos no meio da poeira que se levanta por detrás do oasis.
Passei a fronteira desse oasis, sem sequer me aperceber que para além da miragem existia um 'tu', bem longe da imagem reflectida no espelho que criei. E por entre as malhas de um 'tu' que não era meu fui construindo um eu com sede de ti. Mas a fonte secou, como dizia o fadinho, e desse oasis não restou nem um lugar para contar aquela história. Não ficou nem a areia pelo ar. Não ficaste tu nem eu. Não ficou ninguém do outro lado da miragem para dizer que um dia estivémos lá. Ficou apenas um eu...a convencer te que gostas de mim e um tu a convencer me que não é bem assim. Quebrámos os laços?! Parece me ser a expressão correcta. E estou feliz por causa disso. Um desabafo.

1 comentário:

BettyBoop disse...

Pó, areia, recordações, dor...é tudo fonte de um mesmo mal: o amor incondicional...se é que isso existe, se é que é isso que nos invade a alma nos momentos insanos de uma relação.
O "eu" que tu procuras esteve sempre aí...e o "tu" que tentas desesperadamente apagar dos escombros do coração será sempre aquela tatuagem que marca algo irrepetível..e por isso podes olhá-la sem ver uma ferida aberta, mas traços firmes de uma vida em pleno.
"Gostava de ser como tu, não ter asas e poder voar..." Tu és assim, lembras-te?