domingo, 16 de novembro de 2008

Teatro - Os amigos.

Devem existir milhares de palavras escritas sobre este tema - os amigos. Talvez seja uma redundância estar a pensar que vou escrever qualquer coisa de novo sobre o grande e precioso universo dos amigos de sempre e para sempre. Não acredito neste cliché, confesso. Não porque tenha perdido muitos, mas porque já percebi que de um dia para o outro tudo pode mudar. É fácil pintar de cor de rosa uma tela dos amigos para a vida, reunir fotografias dos mais presentes e mandar mensagens aos mais ausentes. Talvez nada disto valha a pena, se pensarmos que muitas das vezes estamos a lidar no limiar das futilidades. Trocamos ideias e pensamentos ocos com frequência. Piadas e dicas com demasiada facilidade. Confundimos confiança com circunstância. Talvez por isto pensemos que temos muitos amigos e no final, restam os cinco dedos, numa mão cheia de nada. Numa altura em que reciclo amizades, é difícil perceber quem está e quem não está. Se quem está longe, está, por ventura, mais perto. Ou se quem está aqui ao lado, está lá bem longe. De nada adianta tentar perceber este enigma, só traz dores de cabeça aos mais comuns e desdém ao mais invejosos. Mais vale pensar que temos muitos. Somos, sem dúvida, mais felizes se acreditarmos que as demonstrações de carinho são sinal de amizade; que aquela mensagem significa respeito ou que aquele sorriso é sinónimo de dedicação. Considero-me uma amiga dedicada e péssima conselheira, como todos os meus amigos sabem. Talvez por isso seja um "boa amiga" para alguns. Porque não dou conselhos. Na verdade, todos os meus amigos me têm conselhos para dar. A verdade é que só oiço a minha mãe e a Nês. Mas também acho que todos sabem disso. Que a amizade não se mede pelo o acatar ou não dos bons conselhos. Ter a capacidade de os ouvir já não é um mau sinal! Já alguma escrevi por aqui que existem poucas pessoas que não quero na minha vida. Tal mantém-se. A verdade é que sempre julguei ter muitos amigos para todas as ocasiões. Para ouvir, sair ou rir. Sempre tratei os amigos por amigos. Há quem costume trocar por "colegas" em situações mais formais. Uma questão de nomenclatura, para uns, uma questão de principio, para outros. Faço parte do grupo desses outros que prezam mais os amigos que os amores. Dos que trocam uma noite romântica por uma noite de conversas à mesa; dos que telefonam sem razão aos invés de mandar uma mensagem de parabéns pelo aniversário. Costumo dizer que não sou ciumenta. No fundo, até sei que com os amigos sou demasiado egoísta. Lá pelo meio, é certo, tenho algumas situações menos boas, em que o papel de má me cabe a mim. Mas dentro deste teatro que é a amizade, todos podemos rodar nos papéis. É tão fácil de passar de amigo a vilão que não custa nada virar a página e começar um novo capitulo - Era uma vez dois amigos...

1 comentário:

Anónimo disse...

Desculpa por tudo......
Ultimamente não tenho sido um amigo digno dessa palavra... mas espero que saibas, que continuo o mesmo, e continuo a gostar muito de ti Anokas...

Adoro-te