quarta-feira, 11 de junho de 2008

Pessoas que não quero na minha vida

Talvez seja ousadia pensar que podem existir pessoas que não quero na minha vida. Aquelas das quais não queremos nem sequer ter o número de telefone ou saber onde moram. Talvez seja descabido pensar que podemos de alguma forma riscar da lista de memórias esta ou aquela personagem. Talvez seja, quem sabe, improvável a vontade de reescrever a história das nossas vidas ou até o final desta ou daquele episódio.

O certo é que essas pessoas existem. Ou não deviam sequer existir. Temo haver duas ou três na minha história. Queria de alguma forma poder apagar o nome das recordações ou o rancor que deixaram ficar. Queria poder apagar o cheiro que deixaram na minha casa, as palavras escritas nos cadernos da escola ou até as fotografias penduradas no placard. Queria pedir ao vento que levasse tudo para lado nenhum e que não trouxesse notícias. Não queria sequer pensar que um dia abri a porta e deixei passar um sorriso ou uma palavra doce.

Julgo que quando crescemos a lista de indesejáveis aumenta. Ou pelo menos a tendência é encaixar os demais (ou a mais) nesta lista de "Inúteis para crescer". Talvez seja mesmo esta definição correcta - inúteis.

O pensamento parece-me lógico, quando penso nas pessoas que não quero na minha vida. Não são muitas, porque o rancor ocupa demasiado espaço no coração. Mas das que ficaram nesse iceberg, o voto é unânime: não quero. Não quero nem ouvir a voz. Não quero ter o nr. ou saber por onde andam. Prefiro julgá-las perdidas. E de preferência que eu tenha de alguma forma contribuído para essa perda. Que tenha perdido a direcção ou o alento.

Tudo é tão mais fácil quando inventamos categorias para quem não temos a certeza do que sentimos.

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