quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Eu achava que sim.

Eu achava que podia mudar o mundo, ainda. Achava que podia fechar os olhos e acordar no elevador de Santa Justa, a meio de uma declaração de amor e um gesto pouco discreto. Achava que podia transformar a àgua em fogo e, sem mais, deixar-me apaixonar. Achava que podia criar paixões desmesuradas e arrebatoras, e deixar-me cair nos braços de quem nunca se deixou abraçar.

Achava eu que, longe da vista e do coração tudo poderia ser melhor e mais duradouro. Cheguei a crer que poderia acabar com as paixões de criança e voltar a escrever tudo de novo. Achava ainda que poderia dar uma segunda oportunidade às crenças e aos devaneios e mais uma vez percebi que as segundas oportunidades não existem. Que por isso mesmo as chamamos de oportunidade, que tudo que vem depois já perdeu o sentido. Senti que mais uma vez, perdi o que ganhei. Perdi a força para poder argumentar ou brincar ao faz-de-conta.

Não subi ao elevador de Santa Justa. Deixei que Lisboa engolisse mais uma história e devolvesse linhas cruzadas e pensamentos indiscretos. Deixei que passassem os três minutos prometidos e quando me dei conta já o relógio há muito tinha parado.

Já me tinham dito que não era possível mudar o tempo. Eu achava que sim.

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