Sonho.

Sonhei. Sonhei. Acordei e voltei a sonhar. Rebolei nos lençois e olhei o despertador vezes sem conta. Sonhei com a vida dos crescidos em ponto pequeno e com aquelas personagens que eu nunca vi. Sonhei com aquela casa a dois mais um. E lá estavas tu naquele discurso prosaico, a falar em solitário, como se de mim não se tratasse. Sonhei que me dizias coisas repetidas e me passavas a mão pelo cabelo, como fazias sempre, num gesto desajeitado. Eu devolvi-te versos e palavras enamoradas, como se o tempo nunca tivesse passado entre nós. E sonhei. Sonhei com um ramo de túlipas roxas e uma caixa de bombons. E aquele final de tarde enrolados na manta do sofá. Sonhei. Com a tua música. E com a tua maneira de dizer as mentiras. e as verdades. Sonhei contigo com vários nomes e disfarces. Sonhei contigo num sonho. E acordei, vezes sem conta, a saber mais uma vez que queria este sonho para mim, vezes sem conta.

Estou cansada de sonhar contigo. E com aquele sítio. E com aquelas palavras. Quem me dera acordar deste sonho agora e saber que quando voltasse a adormecer tu ias estar entre a almofada, a sussurrar "até amanhã".