sábado, 10 de dezembro de 2005

Vai saber bem voltar a casa


Faltam menos de duas semanas para voltar a Portugal, para as férias do Natal. Já há um brilhozinho nos olhos, uma ansiedade difícil de controlar.
Vai saber bem sobrevoar o país e ver Lisboa como um puzzle minúsculo. Chegar ao aeroporto (que eu detesto) e sorrir ao ouvir português por todo o lado. Vai saber bem deixar-me contagiar pela energia dos portugueses, de um povo simpático e aberto. Buscar as malas, sozinha, mas alegre por saber que alguém estará à minha espera. Vai saber bem sentir o cheiro de uma cidade cheia, inundada de vida como é Lisboa. Fechar os olhos e ouvir os seus ruídos de depois do almoço. Vai saber bem ver a minha mãe e o meu pai. Tocar no cabelo da minha mãe, sorrir-lhe e dar-lhe a mão sem nunca mais a largar. Abraçar o meu pai, aquele abraço forte. Limpar as lágrimas para ele não me ver a chorar. Vai saber bem ver a placa "Cacém", passar a IC19 devagarinho por causa do trânsito, ver a Serra de Sintra ao fundo, com um ligeiro nevoeiro a pairar-lhe por cima. Os prédios, o Intermarché, a Gama Barros, a casa da minha tia Teresa, o Pãozinho do Bairro, as vivendas. Vai saber bem fechar os olhos e sentir o cheiro tão característico da Vivenda José Maria Marques. Sorrir à minha avó São e dizer-lhe que já comi, que não tenho fome e que não quero comer em breve. Vai saber bem ouvir o barulho do pequeno portão preto. Subir as escadas de duas em duas e tocar à campainha. Entrar e ver-me ao espelho, descalçar os sapatos e sentir a pedra fria do chão nos pés. Vai saber bem ouvir a minha tia Olinda no andar de baixo, o riso da Patrícia. Rever o meu primo Diogo todo giro e dizer à minha prima Raquel que estou mais gorda.
Vai saber bem ver a minha avó Deolinda, dar-lhe uma festinha na cara e sentir as suas suaves ruguinhas. Olhar a Vivi e dizer que estou feliz por ela ter entrado para a faculdade, rir-me do sorriso tão maroto do meu primo Bernardo, ao lado da minha tia Zézinha (com o mesmo sorriso) e do meu tio Carlos. Vai saber bem ouvir a minha madrinha tentar falar francês e tocar-me nas costas enquanto fala comigo, como ela sempre faz. Ouvir as histórias da minha prima Marta, do Ivo, o pássaro a cantar na cozinha (que cheira sempre a comidinha acabada de fazer).
Vai saber bem ir a São Marcos e dar um abraço ao Rui, dos nossos, com as bochechas coladas. Brincar com o spot, mexer-lhe no pelo farfalhudo, não ligar ao Chico ciumento e chamar Caroxinha à João. Vai saber bem ir conduzir (no meu "clito") até Oeiras, até Lisboa, até à faculdade e subir as escadas da torre. Ver a esplanada, as àrvores, o espaço tão agradável que nos é oferecido. Vai saber bem ollhar os olhos castanhos da Ana e os verduscos da Inês. Dizer-lhes que tive saudades nossas. Tocar nos fabulosos canudos da Laura e perguntar-lhe pelas novidades.
Vai saber bem rever rostos, lembrar cheiros, ouvir os sussurros da minha vida.
Vai saber bem chorar por recordar momentos, revisitar lugares mágicos, reabsorver as boas energias de cenários conhecidos...
Sentir saudade, dar valor ao pormenor que nunca antes tinha prestado atenção.
Vai saber bem voltar a casa...

3 comentários:

Anónimo disse...

ahahahah. . .foto linda!

Anónimo disse...

Espero também estar incluida, nos rostos que vais querer rever...
Eu sei que sim estou a brincar :)
Cá te espero impaciente com o teu regresso.
Está perto muuuuuito perto
Bjos Grandes
AC

C'est la Fête!! disse...

Girl you make me Cry!!!