
De relance olho para a janela, e no meio do entusiasmo da noite, vejo pequenos flocos, brancos, pequenos, discretos, a cairem, a medo, sobre a estrada já meio molhada. Os meus olhos
fecharam-se julgo que duas vezes seguidas...e depois de perceber bem o que se passava,

A tonalidade faz-se na escala de cinzentos, só as luzes dos candeeiros e o verde escuro das árvores destoam. O mundo parece-me, assim, mais irreal, as escadas mais bonitas, os telhados maiores, a vegetação mais fesca, uma vila surreal...
O vento incomoda, mas os flocos de neve a tocar na cara sabem bem. As mãos descalçam as luvas e ao tocar numa espécie de algodão mais espesso e denso, tenho uma sensação esquisita, boa. Fecho os olhos de novo e penso que é a primeira vez que vejo nevar. Sinto-me verdadeiramente feliz, tanto que o sorriso faz-me parecer quase rídicula junto da Suiça, da Alemã e da Austríaca. Tiram-me fotos. Adorava eternizar este cenário para poder sorrir assim quando não consigo.
É uma experiência que não podia ter melhor "timming" para mim. O único dentro do único.

Saio para a rua e os meus pés desbravam o manto grosso e almofadado que se estende até perder de vista o horizonte. Caminho, sorridente, com as mãos geladas, mas verdadeiramente contente. Um pequeno grãozinho de açucar para tornar ainda mais doce a estadia aqui, a aventura erasmus...
É deveras a noite mais branca que poderei presenciar!
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